Simcha Barlow, de 75 anos, se levanta com cuidado de sua cadeira, muito contente por ter sido vacinado sem nenhuma dificuldade em uma clínica de bairro em Israel, país que “caminha à frente do mundo inteiro” na imunização contra o coronavírus, segundo seu primeiro-ministro.

Cerca de dois milhões de israelenses, sobre um total de nove milhões de habitantes, receberam sua primeira dose da vacina Pfizer/BioNTech em uma ambiciosa campanha, que começou em 19 de dezembro.

Segundo vários meios de comunicação, Israel pagou mais que o preço de mercado para garantir um fornecimento suficiente desta vacina. O ministério da Saúde não quis comentar o assunto.

Benjamin Netanyahu, em campanha para as eleições legislativas de 23 de março – e que deve comparecer em breve ao seu julgamento por corrupção -, destaca seu papel nesta campanha de vacinação, que inaugurou na frente das câmeras de televisão.

Ele afirma que suas negociações com os laboratórios Pfizer e Moderna permitirão vacinar toda a população de Israel com mais de 16 anos até o final de março.

Além dos volumes já comprados, os observadores consideram que o sucesso da estratégia do governo é explicado pela implicação dos convênios de saúde.

Cada israelense deve estar afiliado a um dos quatro convênios médicos do país que, graças às informações que dispõem, entram em contato pessoalmente com os segurados sobre a vacinação.

– Vacinação igualitária para os palestinos –

Esses convênios não são lucrativos. Administram suas próprias clínicas e empregam seus próprios médicos. Lançaram estratégias de sensibilização a favor da vacinação adaptadas a cada componente da sociedade, tomando contato, por exemplo, com os rabinos que influenciam os judeus ultraortodoxos (12% da população).

“Se os rabinos aprovam, então não faço nenhuma pergunta”, diz Simcha Barlow, um judeu ultraortodoxo que mora em Bnei Brak, perto de Tel Aviv.

Os árabes israelenses (20% da população) se mostram mais céticos sobre uma vacina que não conhecem e, por isso, menos inclinados a se vacinar

Em Jerusalém oriental, área palestina da cidade ocupada e anexada por Israel, os habitantes pareciam “pouco interessados na vacinação” devido à desinformação nas redes sociais, explica o doutor Ali al-Jibrini. “Mas o número de pessoas que se vacinam aumenta, houve uma espécie de despertar”, afirma.

As organizações de direitos humanos pediram a Israel que garanta o fornecimento de vacinas aos territórios palestinos, em sua qualidade de “potência ocupante”.

A autoridade palestina não indicou oficialmente se havia solicitado ajuda a Israel, mas na segunda-feira anunciou que assinou contratos de fornecimento de doses com quatro laboratórios estrangeiros.