ROMA, 19 OUT (ANSA) – Israel e Hamas trocaram acusações neste domingo (19) sobre a violação do cessar-fogo na Faixa de Gaza, onde a intensificação da violência no sul do território palestino, já bastante devastado, coloca em risco a trégua que está vigente há nove dias.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, ordenou uma ação “enérgica” contra “alvos terroristas” na Faixa de Gaza, acusando o Hamas de violar o cessar-fogo.
Com isso, o Exército israelense anunciou novos ataques contra o território palestino. “Em resposta à flagrante violação do acordo de cessar-fogo desta manhã, as Forças de Defesa de Israel (IDF) lançaram uma série de ataques contra alvos terroristas do Hamas no sul da Faixa de Gaza”, escreveram as IDF no X.
A Agência de Defesa Civil de Gaza informou que os ataques aéreos israelenses causaram a morte de pelo menos 11 pessoas em todo o território. Mahmoud Bassal, porta-voz da agência ? que atua como um serviço de resgate sob a autoridade do Hamas ? afirmou que seis dessas vítimas faleceram após um ataque israelense direcionado a um “grupo de civis” no norte de Gaza.
Segundo um militar israelense, o Hamas violou o cessar-fogo “com um incidente entre combatentes das IDF e terroristas que abriram fogo contra um veículo em Rafah”. Desta forma, a força aérea respondeu e atacou a área.
O oficial ainda acrescentou que militantes do grupo fundamentalista islâmico lançaram “múltiplos ataques” contra as forças israelenses em Gaza, além da Linha Amarela, atrás da qual as IDF mantêm suas posições.
Por sua vez, o Hamas reiterou seu compromisso com o cessar-fogo e afirmou desconhecer quaisquer confrontos em Rafah, onde ocorreram os bombardeios, pois essa está entre as zonas vermelhas sob controle de ocupação.
Além disso, destacou que “o contato com nossos grupos que permanecem lá foi cortado desde o reinício da guerra em março deste ano”.
“Reafirmamos nosso total comprometimento em implementar tudo o que foi acordado, em primeiro lugar o cessar-fogo em todas as áreas da Faixa de Gaza”, disseram as Brigadas Ezzedine Al-Qassam, braço armado do Hamas, em comunicado.
Enquanto isso, os Estados Unidos informaram os países que garantem o acordo de paz de Gaza sobre uma “iminente violação do cessar-fogo pelo Hamas contra a população” da Faixa de Gaza.
O Departamento de Estado enfatizou que o “ataque planejado contra civis palestinos constituiria uma violação direta e grave do cessar-fogo e colocaria em risco o progresso significativo alcançado por meio da mediação”.
Caso o Hamas leve adiante o ataque, “medidas serão tomadas para proteger a população de Gaza e preservar a integridade do cessar-fogo”.
Por sua vez, o Hamas rejeitou a declaração do Departamento de Estado dos EUA e disse que “gangues criminosas armadas e financiadas” por Israel operam em Gaza.
Segundo o grupo, essas gangues estariam envolvidas em “assassinatos, sequestros, roubos de caminhões de ajuda humanitária e ataques contra civis palestinos”.
O Hamas afirmou ainda que suas operações seguem “leis claras” e visam manter a segurança na região, além disso alertou que o agravamento das tensões poderia comprometer as operações de busca e recuperação dos corpos dos reféns israelenses.
Paralelamente, o ministro israelense de extrema direita, Itamar Ben Gvir, apelou publicamente a Netanyahu para que retome os combates em larga escala contra Gaza: “A falsa crença de que o Hamas mudará de ideia ou cumprirá o acordo assinado está se mostrando, previsivelmente, perigosa.” Apesar da escalada, o Hamas anunciou que localizou mais um refém israelense ? o 13º ? e afirmou que entregaria o corpo a Israel ainda neste domingo, “se as condições no terreno permitirem”. Já o Ministério da Saúde de Gaza anunciou que mais 15 corpos palestinos foram devolvidos por Israel, elevando o número total desde o início da semana para 150. (ANSA).