O exército israelense entrou neste sábado (4) na quinta semana de uma campanha para extirpar o Hamas de Gaza que já deixou milhares de mortos, ignorando os apelos por “pausas humanitárias” feitos pelo chefe da diplomacia dos Estados Unidos em uma reunião com países árabes.

O chefe do Estado-Maior israelense fez uma visita às tropas dentro da Faixa de Gaza, pela primeira vez desde o início da guerra. E o ministro da Defesa israelense, Yoav Gallant, prometeu que a ofensiva permitirá “encontrar e eliminar” Yahya Sinwar, líder do movimento islamista no poder nesse território palestino.

Os soldados israelenses continuam com a ofensiva terrestre e a campanha de bombardeios iniciada em 7 de outubro, em resposta ao ataque no qual os islamistas mataram mais de 1.400 pessoas, a maioria civis, e sequestraram cerca de 240 no sul de Israel, segundo o balanço do Estado.

A ofensiva israelense, de acordo com as autoridades do Hamas, custou a vida de quase 9.500 pessoas, incluindo 3.900 crianças.

O chefe da diplomacia americana, Antony Blinken, reiterou em uma reunião com colegas de cinco países árabes em Amã o apoio de Washington à implementação de “pausas humanitárias” para distribuir ajuda aos civis palestinos.

Blinken chegou à capital jordaniana após se reunir no dia anterior com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, que rejeitou qualquer “trégua temporária” sem a libertação dos reféns sequestrados pelo Hamas.

O ministro das Relações Exteriores da Jordânia, Ayman Al Safadi, instou todas as partes a trabalharem juntas para “evitar uma catástrofe que perseguirá a região por gerações”.

Um ataque israelense contra um comboio de ambulâncias na sexta-feira deixou 15 mortos e 60 feridos, segundo um balanço do Hamas confirmado pela Meia-Lua Vermelha palestina.

Esse atentado gerou condenações internacionais e preocupações com a segurança dos profissionais de saúde.

“As imagens dos corpos espalhados nas ruas do lado de fora do hospital são angustiantes”, reagiu o secretário-geral da ONU, António Guterres.

O Hamas afirmou que o comboio estava evacuando feridos para o Egito através do posto de Rafah, o único acesso da Faixa que não é controlado por Israel.

Israel, por sua vez, disse que a ambulância que alvejou estava sendo “usada por uma célula terrorista do Hamas”.

Neste sábado, o Hamas suspendeu a evacuação de pessoas com passaportes estrangeiros por Rafah, depois que Israel se recusou a autorizar a saída de palestinos feridos para serem tratados em hospitais egípcios.

“Nenhum titular de passaporte estrangeiro poderá sair da Faixa de Gaza até que os feridos que precisam ser evacuados dos hospitais no norte da Faixa possam ser transportados pela passagem de Rafah” até o Egito, indicou o funcionário, que pediu anonimato.

O exército israelense também está apertando o cerco à cidade de Gaza, no norte do enclave, com o objetivo declarado de destruir depósitos de armas, redes de túneis e centros de comando do Hamas.

Milhares de pessoas protestaram neste sábado em várias cidades pelo mundo, incluindo Londres, Paris e Berlim, para denunciar os bombardeios à população civil em Gaza.

– Tensões regionais –

A guerra aumentou as tensões entre Israel e seus vizinhos.

Blinken se reuniu em Amã com seus pares da Arábia Saudita, Catar, Egito, Emirados Árabes Unidos e Jordânia, em um contexto de preocupação com uma escalada do conflito.

Os Estados Unidos reiteraram seu chamado para a criação de um Estado palestino, mas após décadas de estagnação nas negociações, os observadores veem poucas chances de avanço nessa direção no atual cenário.

A Turquia, onde Blinken chegará neste domingo, anunciou no sábado a retirada de seu embaixador em Israel.

“Netanyahu já não é mais alguém com quem possamos conversar”, declarou o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan.

O líder do movimento pró-iraniano libanês Hezbollah, Hassan Nasrallah, afirmou ontem em seu primeiro discurso desde o início do conflito que a possibilidade de “uma guerra total” é algo “realista”.

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