Israel destrói edifício em Gaza e Hamas publica vídeo de reféns no dia 700 da guerra

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Exército israelense atacou um edifício de apartamentos na Cidade de Gaza Foto: REUTERS/Mahmoud Issa

O Exército israelense atacou nesta sexta-feira (5) um edifício de apartamentos na Cidade de Gaza, o centro urbano que ameaça com uma grande ofensiva militar, no 700º dia da guerra contra o movimento islamista Hamas.

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Em Tel Aviv, familiares dos reféns sequestrados durante o ataque sem precedentes do Hamas em solo israelense em 7 de outubro de 2023 lançaram 700 balões aos céus como parte de uma mobilização nacional para exigir a libertação dos cativos.

O Hamas publicou simultaneamente um vídeo em que aparecem dois deles.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sugeriu nesta sexta que alguns reféns poderiam ter “morrido recentemente”, calculando o total de mortos em “aproximadamente 38”, para depois reduzir esse número para 20 ou 30.

O Exército israelense estima atualmente que 25 dos 47 reféns que permanecem em Gaza morreram.

Trump também declarou que os Estados Unidos mantêm “negociações intensas com o Hamas”.

O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde, Tedros Adhanom Ghebreyesus, instou Israel a deter a “catástrofe” no território palestino, onde foram registradas pelo menos 370 mortes por inanição desde o início das hostilidades.

Na devastada Faixa de Gaza, assediada e assolada pela fome em 20% de seu território, segundo a ONU, a Defesa Civil, organização de primeiros socorros que opera sob a autoridade do Hamas, reportou nesta sexta 42 mortes por disparos ou bombardeios israelenses, metade delas na Cidade de Gaza.

Dadas as restrições aos meios de comunicação em Gaza e a dificuldade de acesso à região, a AFP não pôde verificar de forma independente essa informação.

Crianças ‘aterrorizadas’

Na Cidade de Gaza, o Exército israelense bombardeou uma torre de apartamentos no centro da urbe, que desmoronou como um castelo de cartas.

“Meu esposo me disse que viu os moradores da Torre Mushtaha jogando seus pertences dos andares superiores para […] escapar antes do bombardeio. Menos de meia hora depois que foram dadas as ordens de evacuação, a torre foi bombardeada”, declarou à AFP Arej Ahmed, de 50 anos, que se deslocou do noroeste da cidade para uma barraca no sudoeste.

O Exército israelense havia advertido que realizaria “nos próximos dias […] ataques precisos seletivos contra infraestrutura terrorista”, especialmente contra edifícios de grande altura.

Izzat al Rishq, membro do escritório político do Hamas, classificou de “falsos pretextos e mentiras descaradas” as afirmações de Israel de que o movimento estava utilizando esses edifícios.

O porta-voz da Defesa Civil, Mahmoud Bassal, acusou Israel de aplicar “uma política de deslocamento forçado contra civis” ao atacar esses edifícios.

Os anúncios “são aterradores. Todo o mundo está com medo”, disse Ahmed Abu Woutfa, de 45 anos, que vive no quinto andar de um edifício no oeste da Cidade de Gaza. “Meus filhos estão aterrorizados.”

O Exército israelense, que afirma controlar 75% da Faixa de Gaza e 40% da Cidade de Gaza, anunciou sua intenção de tomar essa cidade no norte, que apresenta como o último grande bastião do Hamas.

Segundo um alto oficial militar israelense, a operação poderia deslocar “um milhão” de pessoas para o sul do território palestino.

‘Propaganda diabólica’

As Brigadas Ezzedine al Qassam, o braço armado do Hamas, publicaram nesta sexta-feira um vídeo de dois reféns, Guy Gilboa-Dalal e Alon Ohel.

O primeiro pede ao chefe de governo israelense Benjamin Netanyahu que não lance uma ofensiva contra a Cidade de Gaza.

“Nenhum vídeo de propaganda diabólica vai nos enfraquecer nem nossa determinação” de derrotar o Hamas e libertar os reféns, respondeu Netanyahu após conversar com os pais dos dois homens, de acordo com o seu gabinete.

O presidente da França, Emmanuel Macron, exigiu na rede X “a libertação imediata de todos os reféns que ainda estão em poder do Hamas”, e lamentou “700 dias de detenção em condições atrozes”.

O ataque de 7 de outubro causou a morte de 1.219 pessoas do lado israelense, a maioria civis, segundo um levantamento da AFP baseado em dados oficiais. No mesmo dia, 251 pessoas foram sequestradas.

As represálias israelenses deixaram pelo menos 64.300 mortos em Gaza, mulheres e crianças em sua maioria, segundo dados do Ministério da Saúde de Gaza, comandado pelo Hamas.

A pasta, cujos números são considerados confiáveis pela ONU, não especifica o número de combatentes mortos.