Israel critica decisão francesa de reconhecer Estado palestino

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, disse nesta quinta-feira (24) que a decisão da França de reconhecer o Estado palestino “recompensa o terror” e é uma ameaça existencial para Israel.

A classe política israelense reagiu em peso ao anúncio do presidente francês, Emmanuel Macron, que alinha a segunda maior economia da UE com outros países europeus como Espanha, Irlanda, Noruega e Eslovênia, que reconheceram o Estado palestino em 2024.

Em comunicado, Netanyahu assegurou que a iniciativa “pode criar outro aliado do Irã, tal como se tornou Gaza”, o que seria “uma rampa de lançamento para aniquilar Israel e não para viver em paz a seu lado”.

“Sejamos claros: os palestinos não buscam um Estado ao lado de Israel, o que buscam é um Estado no lugar de Israel”, acrescentou.

O ministro das Relações Exteriores israelense, Gideon Saar, disse, nessa mesma linha, que um “Estado palestino será um Estado do Hamas”, o movimento islamista que controla Gaza e cujo ataque contra Israel de 7 de outubro de 2023 desencadeou a guerra atual no território palestino.

E o vice-primeiro-ministro israelense, Yariv Levin, afirmou que a “vergonhosa decisão” da França implica que agora é “a hora de aplicar a soberania israelense” na Cisjordânia, o outro território palestino ocupado por Israel desde 1967.

O mesmo raciocínio foi utilizado pelo ministro das Finanças de extrema direita, Bezalel Smotrich. Para ele, o anúncio francês dá “a Israel um motivo suplementar” para anexar a Cisjordânia e “pôr fim de uma vez por todas à perigosa ilusão de um Estado palestino terrorista”.

Precisamente nesta quarta-feira, o Parlamento israelense aprovou uma decisão não vinculante que insta o governo a impor sua soberania sobre a Cisjordânia, uma antiga reivindicação da extrema direita no país.

Mas a decisão francesa também recebeu duras críticas da oposição a Netanyahu. O ex-primeiro-ministro Naftali Bennett, que competirá com o atual premiê nas eleições de 2026, a descreveu como um sinal de “afundamento moral”.

“Reconhecer um Estado palestino equivale a recompensar o terrorismo e a incentivar o Hamas, uma organização que cometeu o massacre mais horroroso de judeus desde o Holocausto”, escreveu o deputado opositor Avigdor Lieberman, líder do partido nacionalista Yisrael Beitenu.

O ataque do Hamas que desencadeou a guerra em outubro de 2023 resultou na morte de 1.219 pessoas, segundo um balanço da AFP feito com base em dados oficiais israelenses.

Já a campanha militar israelense contra Gaza matou, até agora, 59.587 palestinos, de acordo com o Ministério da Saúde do território governado por Hamas.

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