Israel recebeu, nesta sexta-feira (14), os nomes dos três reféns sequestrados em Gaza que serão libertados no sábado, após vários dias de incerteza sobre o futuro do cessar-fogo com o grupo islamista Hamas no território palestino.
Os reféns que serão libertados são o argentino-israelense Yair Horn, o russo-israelense Sasha Trupanov e o americano-israelense Sagui Dekel Chen, informou o gabinete do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, em um comunicado.
Um deles foi capturado pela Jihad Islâmica, aliado do Hamas e que também participou no ataque de 7 de outubro de 2023 em Israel, que desencadeou a guerra em Gaza.
Em três meses de negociações indiretas, as partes em conflito chegaram a um cessar-fogo com mediação de Catar, Egito e Estados Unidos.
A trégua entrou em vigor em 19 de janeiro e acabou com mais de 15 meses de conflito no pequeno território, governado pelo Hamas desde 2007.
O acordo, no entanto, também está sob forte pressão desde que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, propôs que seu país assuma o controle de Gaza, assim como a transferência da população do território.
Israel condicionou a continuidade da trégua em Gaza à libertação dos três reféns israelenses no sábado, depois que o Hamas ameaçou adiá-la, alegando que Israel supostamente violou o acordo.
O pacto prevê libertar os reféns israelenses sequestrados no ataque de 7 de outubro em troca de prisioneiros palestinos detidos em prisões de Israel. Até o momento cinco trocas foram realizadas.
As libertações representaram alívio para as famílias, mas o estado debilitado dos reféns israelenses libertados também provocou indignação no país.
O Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), que facilitou as trocas, afirmou que as últimas operações de libertação “reforçam a necessidade urgente” de que o organismo possa acessar aos reféns.
“Estamos muito preocupados com a situação dos reféns”, acrescentou a Cruz Vermelha em um comunicado na rede social X.
O CICV já havia solicitado que as trocas de reféns israelenses por presos palestinos aconteçam em cerimônias “privadas”.
Na troca da semana passada, três reféns israelenses foram exibidos em um pódio e obrigados a falar durante uma cerimônia organizada por milicianos armados do Hamas com os rostos cobertos.
Os três estavam visivelmente exaustos e muito debilitados pelas dificuldades que enfrentaram no cativeiro.
“Sou um sobrevivente. Estive preso por 484 dias em condições inimagináveis, cada dia parecia o último”, declarou o refém israelense-palestino Keith Siegel, libertado em 1º de fevereiro.
“Me deixaram morto de fome e fui torturado, tanto física como emocionalmente”, disse em um vídeo.
A guerra em Gaza começou em 7 de outubro de 2023, após o ataque do Hamas no sul de Israel, que deixou 1.211 mortos, a maioria civis, segundo um balanço da AFP baseado em dados oficiais.
Os milicianos sequestraram 251 pessoas no mesmo dia, das quais 73 permanecem em Gaza, incluindo 35 que faleceram, segundo o Exército israelense.
A ofensiva israelense lançada em retaliação deixou pelo menos 48.222 mortos em Gaza, a maioria civis, segundo dados do Ministério da Saúde do território, considerados confiáveis pela ONU.
Trump advertiu esta semana que provocaria um “inferno” se o Hamas não libertasse “todos” os reféns restantes antes do meio-dia de sábado.
O presidente republicano propôs assumir o controle de Gaza e transferir seus 2,4 milhões de habitantes para o Egito e a Jordânia, o que provocou uma onda de repúdio no planeta.
“Quem é Trump? É o Deus todo-poderoso? A terra da Jordânia é para jordanianos, e a terra do Egito pertence aos egípcios”, reagiu Abu Mohamed al Husari, morador da Cidade de Gaza.
O chefe da diplomacia dos Estados Unidos, Marco Rubio, tem viagens programadas para Israel, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos para discutir a trégua, depois de participar da Conferência de Segurança de Munique no fim de semana.
Mairav Zonszein, do International Crisis Group, afirmou que, apesar de suas disputas públicas, Israel e Hamas continuam interessados em manter a trégua.
“São apenas jogos de poder”, afirmou.
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