O governo de Israel confirmou nesta quinta-feira, 9 a assinatura da primeira fase do plano de paz na Faixa de Gaza proposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e disse que o cessar-fogo entrará em vigor oficialmente 24 horas depois de uma reunião de gabinete para discutir o acordo.
“A versão final da fase 1 foi firmada nesta manhã, no Egito, por todas as partes, para a libertação de todos os reféns”, disse a porta-voz do Executivo israelense, Shosh Bedrosian.
Segundo ela, as Forças de Defesa de Israel (IDF) vão se retirar para trás da chamada “linha amarela”, ocupando um perímetro entre 1,5 e 5 quilômetros a partir da fronteira de Gaza, mas devem manter o controle de cerca de 53% do território do enclave palestino, incluindo Rafah, no extremo-sul.
Após 24 horas de cessar-fogo, começará a ser contado o prazo de 72 horas para a libertação dos reféns mantidos pelo Hamas em Gaza ? a previsão de Trump é de que isso ocorra na próxima segunda-feira (13).
Das 251 pessoas sequestradas nos atentados terroristas de 7 de outubro de 2023, que deixaram 1,2 mil mortos e deflagraram o atual conflito, quase 50 seguem em Gaza, das quais cerca de 20 estariam vivas.
Em troca dos reféns, Israel libertará aproximadamente 2 mil prisioneiros palestinos, incluindo 250 condenados à prisão perpétua e 1,7 mil indivíduos detidos nos últimos dois anos. A lista, no entanto, não deve incluir Marwan Barghouti, figura mais popular dos territórios ocupados e apelidado de “Mandela palestino”.
O acordo foi anunciado na noite da última quarta-feira (8) por Trump, que não esconde o desejo de ser laureado com o Nobel da Paz, cujo vencedor será divulgado nesta sexta (10).
A expectativa é de que o plano do republicano abra caminho para o fim definitivo de uma guerra que já custou as vidas de quase 70 mil palestinos em dois anos e transformou a Faixa de Gaza, um enclave com 2 milhões de habitantes, em uma pilha de escombros.
“Tenho muito orgulho em anunciar que tanto Israel quanto o Hamas assinaram a primeira fase de nosso plano de paz. Isso significa que todos os reféns serão libertados muito em breve e que Israel retirará suas tropas para uma linha acordada, como primeiros passos rumo a uma paz forte e duradoura”, escreveu Trump na plataforma Truth Social.
O acordo deve permitir a entrada de 400 caminhões de ajuda humanitária por dia em Gaza, porém as questões relativas ao desarmamento do Hamas e à gestão do enclave serão enfrentadas nas próximas rodadas das negociações. No cessar-fogo do início do ano, não houve avanço nesses temas, e o conflito foi retomado por Israel.
“Todos nós esperamos demais por este momento. Agora precisamos fazer valer a pena”, disse o secretário-geral da ONU, António Guterres. “Para israelenses e palestinos, este acordo oferece um vislumbre de alívio, que deve se tornar o alvorecer da paz e o início do fim desta guerra devastadora”, acrescentou.