Por Nidal al-Mughrabi e Timour Azhari e Laila Bassam

CAIRO/BEIRUTE (Reuters) – Ataques aéreos israelenses na Faixa de Gaza mataram mais de 60 palestinos nas últimas 24 horas, segundo médicos, e Israel também bombardeou os subúrbios ao sul de Beirute nesta sexta-feira, enquanto um esforço diplomático liderado pelos Estados Unidos para acabar com a guerra tinha dificuldade em avançar.

O primeiro-ministro interino do Líbano, Najib Mikati, acusou Israel de “teimosia” nas negociações, enquanto o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, disse que sua prioridade é reforçar a segurança “apesar de qualquer pressão ou restrição”.

Israel continuou com suas ofensivas militares contra o Hamas na Faixa de Gaza e o Hezbollah no Líbano, apesar dos esforços de Washington para garantir o cessar-fogo em ambas as frentes antes da eleição presidencial dos Estados Unidos na próxima terça-feira.

Médicos em Gaza disseram que cerca de 60 pessoas foram mortas e dezenas de outras ficaram feridas durante a noite e na manhã de sexta-feira em ataques israelenses na cidade de Deir Al-Balah, no campo de Nuseirat e na cidade de Al-Zawayda, todos na área central do enclave costeiro palestino, bem como no sul.

Pelo menos 10 pessoas foram mortas em um ataque israelense que atingiu a entrada de uma escola que abrigava pessoas deslocadas em Nuseirat, disseram médicos à Reuters. Outros 10 foram mortos em um carro em Khan Younis, no sul de Gaza, disseram os médicos.

O Exército israelense disse que suas tropas mataram o que chamou de terroristas armados no centro de Gaza e na área de Jabalia, ao norte de Gaza. O governo israelense não fez comentários imediatos sobre o ataque à escola, embora costume negar que tenha como alvo civis.

Israel também bombardeou os subúrbios do sul de Beirute na manhã de sexta-feira com pelo menos 10 ataques, segundo jornalistas da Reuters. Foi o primeiro bombardeio na área — que já foi um distrito densamente povoado e reduto do Hezbollah — em quase uma semana.

Os ataques ocorreram depois que Israel emitiu ordens de retirada para 10 bairros diferentes. Os ataques começaram antes que a série final de ordens fosse publicada.

As hostilidades acabaram com qualquer esperança de que uma trégua pudesse ser alcançada antes da eleição presidencial dos EUA em 5 de novembro.

Dirigindo-se às tropas israelenses em formatura na quinta-feira, Netanyahu disse que “acordos, documentos e propostas não são o ponto principal”.

“O ponto principal é nossa capacidade e determinação de garantir a segurança, impedir ataques contra nós e agir contra o armamento de nossos inimigos, conforme necessário e apesar de qualquer pressão e restrições. Esse é o ponto principal”, disse ele.

Seu gabinete disse que ele transmitiu uma mensagem semelhante aos enviados dos EUA Amos Hochstein e Brett McGurk em Israel na quinta-feira.

Mikati, do Líbano, disse na sexta-feira: “As declarações israelenses e os sinais diplomáticos recebidos pelo Líbano confirmam a teimosia israelense em rejeitar as soluções propostas e insistir na abordagem de matança e destruição”.

Na quinta-feira, Israel também bombardeou a região de Baalbek, no leste do Líbano, que abriga ruínas romanas listadas pela Unesco. Um grupo cultural que organiza festivais anuais em meio às ruínas disse que algumas rachaduras eram visíveis devido aos ataques israelenses nas proximidades.

O Hezbollah começou a disparar foguetes contra Israel em solidariedade aos palestinos um dia depois que militantes liderados pelo Hamas atacaram Israel em 7 de outubro de 2023, matando cerca de 1.200 pessoas e levando 251 reféns para Gaza, de acordo com os registros israelenses.

As ofensivas retaliatórias de Israel mataram mais de 43.000 palestinos e reduziram a maior parte de Gaza a escombros, segundo as autoridades palestinas, e também mataram cerca de 2.800 pessoas no Líbano, de acordo com o Ministério da Saúde do país.

(Reportagem de Timour Azhari, Laila Bassam e Maya Gebeily, em Beirute; Ali Sawafta, em Ramallah; Clauda Tanios, em Dubai, e Nidal al-Mughrabi, no Cairo)