Israel bombardeou Gaza nesta segunda-feira (24), um dia após o primeiro-ministro do país, Benjamin Netanyahu, afirmar que a fase “intensa” da guerra contra o Hamas está prestes a terminar em Rafah, no sul do devastado território palestino.

“A fase intensa dos combates contra o Hamas está prestes a terminar”, declarou o líder nacionalista israelense ao Channel 14, em sua primeira entrevista à imprensa local desde o início da guerra contra o movimento islamista palestino em 7 de outubro.

Netanyahu, que enfrenta pressões internas e externas cada vez mais intensas, destacou que isto “não significa que a guerra esteja a ponto de terminar, mas a fase intensa da guerra está prestes a terminar em Rafah”.

Os soldados israelenses entraram no início de maio na cidade, localizada no extremo sul da Faixa de Gaza e onde dezenas de milhares de palestinos buscaram refúgio contra os bombardeios.

A localidade, na fronteira com o Egito, foi alvo de disparos de artilharia nesta segunda-feira. Também foram registrados bombardeios no campo de refugiados de Nuseirat, no centro, e no bairro de Zeitun, na Cidade de Gaza, ao norte, cenário de combates, segundo testemunhas.

O Hamas, que governa o território estreito desde 2007, insistiu nesta segunda-feira que um acordo de trégua deve incluir “um cessar-fogo permanente e uma retirada completa” das tropas israelenses de Gaza.

Israel rejeita as condições e Netanyahu, que lidera uma coalizão de partidos de direita e de extrema direita, destacou que o objetivo da guerra continua sendo “extirpar o regime do Hamas” do território.

O grupo islamista é considerado uma organização “terrorista” por Israel, Estados Unidos e União Europeia.

– Ministro nos Estados Unidos –

A guerra começou em 7 de outubro, quando comandos do Hamas invadiram o sul de Israel e mataram 1.194 pessoas, a maioria civis, segundo um balanço da AFP com base em dados oficiais israelenses.

Os milicianos também sequestraram 251 reféns, dos quais 116 seguem retidos em Gaza, e entre os quais 41 teriam morrido, segundo o Exército israelense.

Em retaliação, Israel lançou uma ofensiva militar na Faixa de Gaza, governada pelo Hamas desde 2007, que até o momento deixou 37.626 mortos, sobretudo civis, segundo o Ministério da Saúde do território.

Netanyahu insistiu no domingo que um dos objetivos da ofensiva é resgatar os reféns mantidos na Faixa de Gaza.

O primeiro-ministro enfrentou no sábado a maior manifestação desde o início da guerra, quando mais de 150 mil pessoas protestaram em Tel Aviv, segundo os organizadores, para exigir eleições antecipadas e o retorno dos reféns.

Durante a entrevista, Netanyahu declarou que “após o final da fase intensa, poderemos deslocar algumas forças para o norte”, na fronteira com o Líbano, onde Israel troca tiros quase diariamente com o movimento islamista Hezbollah desde o início da guerra.

As tensões com o grupo libanês, aliado do Hamas e apoiado pelo Irã, provocaram o deslocamento de milhares de residentes dos dois lados da fronteira.

O ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, viajou a Washington no domingo para “abordar os acontecimentos em Gaza e no Líbano”. Ele deve se reunir com o secretário de Defesa, Lloyd Austin, e com o chefe da diplomacia americana, Antony Blinken.

“Nossos vínculos com os Estados Unidos são mais importantes do que nunca”, declarou antes da viagem, em uma tentativa de reduzir a tensão depois que Netanyahu acusou Washington de adiar a entrega de armas.

O governo dos Estados Unidos é o principal fornecedor de armas de Israel.

– Saques e contrabando –

Perguntado sobre o pós-guerra em Gaza, Netanyahu afirmou que está “claro” que Israel vai manter “o controle militar em um futuro próximo”.

“Também queremos criar um governo civil, se possível com palestinos locais e um apoio regional”, acrescentou.

No campo de batalha, o Exército de Israel afirmou que suas tropas “eliminaram vários terroristas armados” em Rafah, destruíram entradas de túneis usados pelos combatentes e encontraram “um grande número de armas”.

O porta-voz da agência de Defesa Civil, Mahmud Basal, informou que dois profissionais de saúde morreram em um bombardeio contra o hospital Al Daraj, na Cidade de Gaza.

Além da ofensiva militar, Israel impôs um cerco ao território, o que impede a entrada de alimentos, combustíveis, água e medicamentos.

A ONU alerta de maneira reiterada para os riscos de fome enfrentado pelos 2,4 milhões de habitantes da Faixa de Gaza.

Os saques e o contrabando são generalizados em Gaza e “impedem” a entrega de ajuda humanitária, denunciou Philippe Lazzarini, diretor da UNRWA, a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina.