VATICANO, 17 JUL (ANSA) – O Exército de Israel atacou nesta quinta-feira (17) a Igreja da Sagrada Família, única paróquia católica da Faixa de Gaza, e deixou pelo menos duas pessoas mortas e outras 11 feridas, incluindo o padre argentino Gabriel Romanelli, interlocutor frequente do finado papa Francisco.
“Com profunda tristeza, podemos confirmar que duas pessoas foram assassinadas em um aparente ataque do Exército de Israel nesta manhã”, diz um comunicado do Patriarcado Latino de Jerusalém, ao qual a paróquia é subordinada. “Oramos pelo descanso de suas almas e pelo fim dessa guerra bárbara. Nada pode justificar ataques contra civis inocentes”, conclui a nota do patriarcado da Igreja Católica para a Terra Santa.
Entre os 11 feridos, uma mulher está em estado gravíssimo, enquanto outras duas pessoas estão em estado grave, e cinco se encontram em condições estáveis. Outros três indivíduos tiveram ferimentos leves, incluindo o padre Romanelli, que apresenta machucados na perna. O pároco costumava receber ligações diárias de Francisco, incluindo nos últimos dias de vida do pontífice argentino.
Em nota no X, o Ministério das Relações Exteriores de Israel lamentou pelos “danos à Igreja da Sagrada Família e por qualquer fatalidade entre civis”, acrescentando que o incidente está sob “análise”. “As circunstâncias ainda são incertas, e os resultados da investigação serão publicados de forma transparente. Israel nunca mira igrejas ou locais religiosos”, acrescentou a chancelaria.
O papa Leão XIV, que está em repouso em Castel Gandolfo, disse estar “profundamente triste” pelas mortes e pelos feridos na Igreja da Sagrada Família e expressou “solidariedade espiritual” ao pároco Gabriel Romanelli e a toda a comunidade paroquial, “confiando as almas dos defuntos à amável misericórdia de Deus”.
“O Papa renova seu apelo por um cessar-fogo imediato e expressa sua profunda esperança de diálogo, reconciliação e paz duradoura na região”, diz um telegrama em nome do pontífice, assinado pelo secretário de Estado do Vaticano, cardeal Pietro Parolin.
Por sua vez, a premiê da Itália, Giorgia Meloni, afirmou que as investidas israelenses contra “a população civil” são “inaceitáveis”. “Nenhuma ação militar pode justificar essa postura”, acrescentou.
O vice-premiê e ministro das Relações Exteriores italiano, Antonio Tajani, fez coro e disse que os ataques contra civis em Gaza “não são mais admissíveis”. “O ataque desta manhã atingiu a Igreja da Sagrada Família em Gaza, um ato grave contra um lugar de culto cristão. Toda a minha solidariedade ao padre Romanelli, ferido no ataque. É hora de parar e encontrar a paz”, salientou.
Tajani também telefonou para o ministro das Relações Exteriores de Israel, Gideon Sa’ar, para condenar a ofensiva e cobrar esclarecimentos e ligou para Romanelli para expressar solidariedade.
A igreja fica na Cidade de Gaza, principal município do enclave palestino e que foi devastada durante o conflito. Ao longo dos últimos 21 meses, a paróquia se tornou abrigo para refugiados e crianças portadoras de deficiência atendidas por freiras católicas.
Desde o início da guerra entre Israel e Hamas, em 7 de outubro de 2023, a comunidade cristã da Faixa de Gaza caiu pela metade, entre fugas para o Egito e mortes em bombardeios, e hoje soma apenas cerca de 500 pessoas. (ANSA).