Após uma longa reunião, o governo de Israel aprovou a primeira fase do plano de paz do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para a Faixa de Gaza, dando início oficial ao aguardado cessar-fogo com o grupo fundamentalista islâmico Hamas. Cinco ministros dos partidos ultranacionalistas de Ben-Gvir (Segurança Nacional) e Bezalel Smotrich (Finanças), que defendem a expulsão dos palestinos do enclave e a anexação da Cisjordânia, votaram contra o acordo, que, no entanto, acabou chancelado pela maioria do gabinete.
+ Hamas declara fim da guerra e cessar-fogo permanente
“O governo acaba de aprovar as diretrizes para a libertação de todos os reféns, tanto os vivos quanto os mortos”, diz uma declaração oficial do Executivo liderado pelo premiê Benjamin Netanyahu. As Forças de Defesa de Israel (IDF) têm agora até 24 horas para se retirar para trás da chamada “linha amarela”, um perímetro que vai de 1,5 até 5 quilômetros a partir das fronteiras de Gaza e engloba 53% do território, incluindo a cidade de Rafah, na divisa com o Egito.
Em seguida, o Hamas terá até 72 horas para libertar todos os cerca de 20 reféns ainda vivos, etapa que, de acordo com Trump, deve ser concluída entre segunda (13) e terça-feira (14). Em troca, Israel vai soltar 1.950 prisioneiros palestinos, incluindo 250 condenados à prisão perpétua e 1,7 mil detidos durante os dois anos de conflito. Também há 28 reféns israelenses mortos, porém a restituição dos corpos pode exigir um pouco mais de tempo.
Mais cedo, o Hamas já havia anunciado o fim da guerra contra Israel e um cessar-fogo permanente, que deve permitir a entrada de 400 caminhões de ajuda humanitária por dia em Gaza, porém as questões relativas ao desarmamento do do grupo e à gestão do enclave serão enfrentadas nas próximas rodadas das negociações. Na trégua do início deste ano, não houve avanço nesses temas, e o conflito foi retomado por Israel. A guerra também teve um breve cessar-fogo em novembro de 2023. Ainda assim, Trump assegurou nesta quinta que a Faixa de Gaza será “reconstruída”, com apoio dos “países árabes ricos” do Golfo Pérsico.
Também está previsto o envio de 200 soldados americanos para uma força-tarefa designada para ajudar a monitorar o acordo, ao lado de militares de Egito, Catar, Turquia e provavelmente Emirados Árabes Unidos, informou um dirigente de alto escalão da Casa Branca em uma conferência com diversos veículos de imprensa, incluindo a ANSA. Já o Comando Central dos EUA estabelecerá um “centro de coordenação civil-militar” em Israel para facilitar o fluxo de ajudas humanitárias. O conflito foi deflagrado após atentados terroristas do Hamas que deixaram 1,2 mil mortos em 7 de outubro de 2023. Já os ataques israelenses custaram as vidas de quase 70 mil palestinos em Gaza.