A justiça israelense disse dispor de um depoimento segundo o qual o movimento islamita Hamas pagou a família do bebê morto em circunstâncias pouco claras na Faixa de Gaza para acusar Israel, o que os pais negam.

Leila Al Ghandur, de oito meses, morreu em meados de maio enquanto o enclave palestino era palco de uma mobilização maciça e confrontos entre palestinos e israelenses ao longo da fronteira.

Sua morte causou grande comoção. Sua família acusa o Exército israelense de ter causado sua morte usando gás lacrimogêneo contra os manifestantes.

O Exército israelense nega essa versão com base nas informações de um médico palestino que conhecia a menina e sua família, e segundo o qual o bebê sofria de problemas cardíacos.

O Ministério da Justiça israelense apresentou nesta quinta-feira (21) a ata de indiciamento de Mahmoud Omar, de 20 anos, identificado como o primo da menina.

De acordo com o ministério, o jovem declarou durante interrogatórios que os pais de Leila tinham recebido 8.000 shekels (2.200 dólares) de Yahya Sinuar, chefe do Hamas na Faixa de Gaza, para dizerem que a menina morreu por inalação de gás.

Mahmoud Omar foi capturado em 28 de maio pelas forças israelenses enquanto tentava se infiltrar em Israel.

Os pais, questionados pela AFP, negaram essas declarações e reafirmaram que sua filha morreu em razão da inalação de gás lacrimogêneo.

De acordo com a família, o tio da menina, de apenas 11 anos, a levou perto da fronteira porque achava que lá estavam seus pais.

O Exército israelense denunciou uma “invenção” do Hamas, o movimento que governa a Faixa de Gaza e controla as autoridades de saúde, e contra o qual Israel travou três guerras desde 2008.

Pelo menos 132 palestinos foram mortos por soldados israelenses no enclave desde 30 de março.

As autoridades de saúde de Gaza decidiram não incluir o nome do bebê na lista oficial de palestinos mortos pelo Exército israelense, à espera de um relatório sobre se a criança sofria de uma doença e se o gás contribuiu para sua morte.