SÃO PAULO, 18 MAR (ANSA) – Por Tatiana Girardi – Com a disseminação do novo coronavírus (Sars-CoV-2) por todo o Brasil, é preciso que todos os cidadãos tomem as medidas necessárias para diminuir o ritmo de contágio da doença.
De acordo com o médico do Instituto de Infectologia Emilio Ribas, Jean Gorinchteyn, o isolamento social é a forma mais eficaz de evitar a rápida propagação da Covid-19, doença provocada pelo vírus. “Essa é a mais efetiva medida para evitar que a população vulnerável se exponha. Isso porque os sintomas, na maior parte das pessoas, parecem com resfriado, nem com uma gripe, porque quando há gripe mesmo, as pessoas nem saem de casa. É parecido com um resfriado, que as pessoas saem, vão para os parques.
Então, é fundamental ficar dentro de casa”, destacou, em entrevista à ANSA.
A medida do isolamento social, inclusive, é considerada um dos principais pontos que estão diminuindo o ritmo de novos casos registrados no segundo país mais afetado do mundo, a Itália. Há quatro dias, apesar de ainda registrar aumento nos dados, o país começou a verificar um crescimento mais lento dos números. Antes de o governo italiano anunciar o isolamento total de todo o território, em 9 de março, a taxa média de contaminação diária pela epidemia era de 26,54%. No relatório desta terça-feira (17), o aumento diário foi de 12,60% – e no dia 16, o índice havia sido de 13,06%. A ação também foi adotada pelo governo chinês, que em cerca de três meses conseguiu controlar a pandemia dentro do território, e pela Coreia do Sul, que além dos testes massivos, colocou seus moradores em isolamento social.
O especialista ainda destaca que é “muito importante que as pessoas entendam, especialmente as mais vulneráveis”, que elas devem evitar circular pelas cidades em que os casos de transmissão comunitária (ou seja, que ocorreu dentro da própria localidade sem a possibilidade de rastreio) já existem. “Devem ficar em casa e se proteger. Também devem evitar receber vizinhos e amigos, devem manter os ambientes dentro das casas sempre arejados e ventilados. No caso dos idosos, também devem evitar compartilhar alimentos com sobrinhos e netos”, pontua Gorinchteyn.
O médico ainda recomendou que aquelas pessoas que precisam trabalhar fora de casa e usar o transporte público devem tentar buscar horários alternativos de transporte – por conta da aglomeração de pessoas – e deixar sempre que possível as janelas dos veículos abertas. No Brasil, um documento criado pelo Centro de Operações de Emergências do Sistema Único de Saúde (SUS) também orienta os profissionais da saúde a tomarem medidas para retardar o pico da epidemia, achatando a curva da contaminação.
Segundo a peça, as medidas não farmacológicas “são recomendações para reduzir o contato social, reduzir a transmissão e manter os serviços de saúde” funcionando. O documento afirma que um pico de epidemia sobrecarregaria todo o sistema e que, sem a adoção das medidas propostas pelo Ministério da Saúde, “a cada três dias, o número de casos dobra”.
Entre as recomendações, estão a redução do deslocamento por motivos de trabalho, a diminuição do fluxo urbano – com a adoção de horários alternativos para reduzir os chamados horários de pico – e decretação de quarentena caso 80% dos leitos das UTIs disponíveis estejam ocupados.
Reforçar a higienização e mudança de comportamento – Além das restrições na circulação, é preciso reforçar todas as formas de higienização das mãos, já que a doença se propaga em uma velocidade enorme. Primeiro, é preciso molhar as mãos e, depois, pegar uma quantidade suficiente de sabonete de qualquer tipo para fazer a limpeza. É preciso começar pela palma das mãos e punhos, depois limpar entre os dedos e a parte superior das mãos. Depois, é preciso limpar os polegares e as pontas dos dedos.
Caso a torneira não seja automática, o indicado é usar uma folha de papel para abrir e fechar a peça – evitando o contato direto com as mãos limpas. Segundo o médico infectologista, o álcool em gel deve ser sempre utilizado no caso de não haver a possibilidade de lavar as mãos com água e sabão. No caso das duas opções, sempre opte pela higienização com água.
Além disso, deve-se manter uma distância de um metro de outra pessoa, para evitar uma eventual contaminação, bem como tossir sempre com um lenço de papel descartável. Caso não seja possível, é preciso tossir com a boca voltada para o cotovelo. (ANSA)