Isadora Melo e Zé Manoel homenageiam Capiba e Caymmi em show no Recife

Apresentações acontecem entre 25 e 29 de março e serão complementadas com palestras e oficina

Ze Manoel e Isadora Melo
Ze Manoel e Isadora Melo Foto: Arquivo Pessoal/Divulgação

O amor, as festas e os lugares do Recife e de Salvador foram eternizados em versos e melodias por Capiba e Dorival Caymmi, respectivamente. Marcantes e de extrema importância para o cancioneiro brasileiro, as obras dos dois compositores são apresentadas com novas roupagens no espetáculo “Capiba Caymmi”, dos artistas pernambucanos Isadora Melo e Zé Manoel.

A curta temporada será entre os dias 25 e 29 de março, na CAIXA Cultural Recife, e conta ainda com a palestra “Todos cantam sua terra, também vou cantar a minha” (28, às 16h), com o jornalista José Teles, o concerto-aula “A estética do frevo” (25, às 14h) e uma prática de conjunto de frevo (29, às 10h), ambas com o maestro Rafael Marques. O show tem patrocínio da CAIXA e do Governo Federal

Idealizado em uma conversa informal e desenvolvido através de um mergulho na produção artística dos homenageados, o projeto é uma fusão elegante e poderosa das essências culturais das cidades que comungam de muitas características em comum, mas se diferenciam exatamente pela potência de suas singularidades.

O repertório do show, com direção musical e arranjos de Rafael Marques, foi costurado a partir de três eixos temáticos. “Sobre o amor, há muitas composições com nomes de mulheres, amores frustrados e canções apaixonadas. Sobre as festas, temos as dos santos, o carnaval, o povo e costumes descritos na obra dos dois. Sobre o lugar, temos desenhos de geografia, descrições das paisagens, muito pano pra manga”, explica Isadora.

O Surubinense Capiba é ícone do frevo e do orgulho pernambucano, ferrenho defensor da cultura local e compositor de hinos do carnaval que pulsam junto com o ritmo acelerado das ruas. O soteropolitano Dorival Caymmi é figura central na música popular brasileira. Sua poesia singular celebra a beleza do mar, das praias e da vida na Bahia. Renomado tanto como compositor quanto intérprete, assina clássicos reconhecidos nacionalmente. A exaltação às terras natais é recorrente nas letras de ambos, como em “Você já foi à Bahia” e “Recife, cidade lendária”, comoventes declarações de amor.

As águas das cidades litorâneas com intrínseca relação dos moradores com os mares e rios são cantadas em “O vento”, de Caymmi, “Cais do porto”, de Capiba. O romantismo dos autores é contemplado em canções como “Valsa verde”, “Serenata suburbana” e “A mesma rosa amarela”, do pernambucano, e “Morena do mar”, “Nunca mais” e “Só louco”, do baiano.

Dentre as mulheres cantadas por Caymmi, aparece “Dora”, a rainha do frevo e do maracatu. O carnaval não poderia ficar de fora, com as empolgantes “A pisada é essa”, “De chapéu-de-sol aberto” e “Madeira que cupim não rói”. O lado festivo de Caymmi é contemplado ainda em “Vatapá” e “Samba da minha terra”.

A dupla aproxima os próprios trabalhos aos dos homenageados ao incluir algumas autorais no repertório. “Capiba e Caymmi são apontadores do nosso trabalho também. Zé e sua infância em Petrolina, na divisa com Juazeiro da Bahia, e eu, com minha infância no Jiquiá, a experiência do frevo e a experiência da obra de Capiba, de estudar os sambas e valsas, ao longo das pesquisas pro repertório do Arabiando e de outros projetos”, conta Isadora.

Entram no setlist “Sem teu amor não tenho nada”, dela, gravada pela Orquestra Malassombro, “Resta sorrir’, parceria de de Rafael Marques e Zé Manoel, gravada por Isadora e Zé, e “Não negue ternura”, de Zé e Luedji Luna, faixa do álbum “Do meu coração nu” (2020).

O projeto é mais uma parceria musical dos amigos Isadora Melo e Zé Manoel, que já dividiram palcos, composições e gravações. Artista multifacetada, Isadora é celebrada por sua voz única e já se apresentou em palcos do Brasil e do mundo. O trabalho autoral lhe rendeu indicação do Prêmio da Música Brasileira. Zé Manoel ganhou destaque ao mesclar erudição e popularidade nas músicas.

Crítico das desigualdades sociais, reflete em poesia sobre desafios atuais, cultura contemporânea brasileira e ancestralidade. Na CAIXA Cultural Recife, eles se apresentam com Rafael Marques no bandolim, o multi-instrumentista Felipe Guedes, Angelo Lima (clarinete), Julio Cesar (Acordeom), Filipe de Lima (baixo), Marcio Silva (bateria) e Joana Xeba (percussão) – ora a banda cheia, ora músicas em formato de voz e violão, contribuindo para as nuances do show.

“Capiba Caymmi” é uma ode à história, à cultura e à arte, que transcende fronteiras e tempos e enaltece a riqueza poética e musical das cidades irmãs. O projeto reverencia dois imortais da música brasileira, e revitaliza seus legados com uma experiência imersiva e contemporânea ao público.

A homenagem contemporânea, com produção executiva de Mauricio Guenes, propõe uma nova interpretação das composições com uma roupagem atual, ressaltando a atemporalidade e relevância de Capiba e Caymmi para as novas gerações. É um projeto que busca manter viva a memória e a influência desses artistas, inspirar novas gerações e reforçar a importância da cultura regional na construção da identidade nacional.

Ações formativas

Além das cinco apresentações, “Capiba Caymmi” contempla outras três ações, com inscrições através do site da CAIXA Cultural Recife. No dia 25 (terça), às 14h, o maestro, compositor, arranjador e bandolinista Rafael Marques apresenta o concerto-aula “A estética do frevo”, voltada para estudantes de música, pesquisadores e interessados no ritmo musical, sobre a origem, as diferentes categorias e as principais características: instrumentação, forma e andamento.

No dia 28 (sexta), às 16h, haverá a palestra “Capiba e Caymmi – Todos cantam sua terra, também vou cantar a minha”, ministrada pelo jornalista, pesquisador e escritor José Teles, sobre a importância das obras deles e a relação dos trabalhos dos dois para a identidade de Pernambuco e da Bahia. No dia 29 (sábado), às 10h, Rafael Marques comanda a oficina “Prática de conjunto de frevo”, destinada a estudantes de música, instrumento e canto e com objetivo facilitar a prática da execução do frevo de bloco, rua e canção.

Serviço

Isadora Melo e Zé Manoel em ‘Capiba Caymmi’

Local: CAIXA Cultural Recife (Avenida Alfredo Lisboa, 505, Bairro do Recife)

Datas: 25 a 29 de março (terça a sábado)

Horário: 20h

Ingressos: R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia-entrada para Clientes CAIXA e casos previstos em lei)

Vendas: a partir de 21 de março, às 12h

Informações: (81) 3425-1915 / Site da CAIXA Cultural /@caixaculturalrecife

Acesso para pessoas com deficiência