De Manaus, onde o rio Negro parece sussurrar histórias à margem da cidade, emergiu Isabelle Nogueira — mais do que uma ex-BBB, uma entidade viva do Norte do Brasil. Ela não chegou ao BBB24 como coadjuvante: entrou como a cunhã-poranga do Boi Garantido e saiu como uma das principais representantes da cultura amazônica na mídia nacional. Agora, ela dá um passo audacioso: realiza o Festival da Cunhã, uma celebração que mistura orgulho ancestral, representatividade e força econômica para seu povo.
Desembarquei em Manaus com o coração aberto e a mente curiosa. No aeroporto, a energia já era diferente. Desde o taxista até a senhora do quiosque de tacacá, o assunto era o mesmo: “Você veio para o festival da Isabelle?”. E ali comecei a entender — o que, para algumas pessoas de fora, poderia ser mais um evento com influenciadores, aqui acontece quase como um rito de passagem, um reavivamento da alma coletiva de uma cidade.
O Festival da Cunhã acontece na grandiosa Arena da Amazônia, mas o que emociona mesmo está além da estrutura: é o que ela representa. Voz para falar de sustentabilidade, cultura, ancestralidade e, acima de tudo, oportunidade. Durante o jantar de boas-vindas no resort — cercado pela floresta e por uma hospitalidade quase espiritual —, Isabelle se sentou ao meu lado. “Sabe o que me emociona?”, disse, olhando firme nos meus olhos, “é saber que, através da visibilidade que ganhei, posso gerar trabalho e renda pra minha gente. Eu sonhava com isso quando ainda só era conhecida aqui.”
É impossível não se contagiar. A equipe do hotel resort, que fica em meio à selva, trata cada convidado com tanto carinho, tanto orgulho e um reluzente brilho nos olhos. Os barqueiros, os garçons, os artesãos… todos carregam um senso de missão que ultrapassa o turismo. Há algo sagrado aqui. Algo que Isabelle, com sua delicadeza e força, conseguiu despertar. Não é sobre fama. É sobre pertencimento.
Com mais de 50 convidados, entre artistas e influenciadores, o evento também se transforma em palco de encontros simbólicos, como, por exemplo, o da dupla Maiara & Maraisa, que promete fazer um show histórico.
Isabelle armou um verdadeiro redemoinho de cultura pop no coração da floresta. A cunhã-poranga do Garantido está recebendo, em solo baré, uma comitiva que parece um verdadeiro desfile de Trending Topics. Tem Leonardo Bittencourt, o galã global de Mania de Você, que também carrega o sangue manauara nas veias; Victor Lamoglia também marca presença — com seu humor afiado e olhar curioso. A TikToker Vanessa Lopes traz sua dança e simpatia, enquanto Gkay chega chegando. A cantora Pocah aterrissou com sua potência, e a ex-ginasta Daniele Hypolito trocou o solo olímpico pelo solo sagrado da Amazônia.
E, como um bom spin-off do Big Brother Brasil, o evento também vira ponto de encontro para ex-brothers e sisters: Pitel, Lucas Buda, Raquele Cardozo, Michel Nogueira, Marcus Vinicius, Viny, Amanda Meirelles e Sarah Andrade são alguns dos nomes que completam a roda.
Nesse encontro entre o folclore e o feed, todo mundo parece querer um pouco do brilho que só esses verdadeiros monumentos naturais são capazes de oferecer.
Tem mais. O acesso ao festival é democrático: um quilo de alimento não perecível. Uma decisão que mostra que entretenimento, cultura e solidariedade podem — e devem — caminhar juntos. “Queremos mostrar ao Brasil e ao mundo o poder da nossa identidade”, resume Isabelle, hoje também Embaixadora oficial do Festival de Parintins.
Ainda é só o começo. Nos próximos dias, esta coluna vai mergulhar nos bastidores do Festival da Cunhã — das conversas no café da manhã com os famosos até os papos sobre esse necessário protagonismo do Norte na grande mídia. Porque o que está sendo construído aqui, entre o calor úmido da floresta e o ritmo das toadas, é mais do que um evento. É uma revolução cultural com perfume de jambu e coração de Caprichoso e Garantido. E eu? Eu estou no meio dela — com os pés na terra e a alma dançando ao som dos batuques do tambor.