Paris Hilton detalhou os abusos que sofreu em um internado que prometia “curar” seu déficit de atenção – distúrbio que não tem cura. A socialite falou sobre o assunto em um depoimento publicado pelo jornal USA Today.

“Aos 16 anos, eu fui retirada da minha casa no meio da noite e passei quase dois anos numa série de internatos de tratamento. Meus pais haviam sido enganados para acreditarem que meu transtorno de déficit de atenção seria curado com um ‘pulso firme'”, escreveu Paris.

Ela falou pela primeira vez sobre a experiência em seu documentário, “This is Paris”, lançado em 2020. Na época, ela disse que não gostava de falar sobre o trauma. Agora, decidiu se pronunciar para ajudar outras vítimas:

“Falar sobre isso exige toda a minha coragem, mas não posso ficar parada sabendo que crianças de até 8 anos estão sendo mantidas nesses programas para ‘adolescentes problemáticos’ por pais que não sabem o que se passa lá, e por órgãos do governo que não se importam.”

Paris afirma que, assim que chegou no local, foi obrigada a tirar as roupas, agachar, tossir e passar por um exame ginecológico na frente de seguranças homens. E a experiência se repetiu diversas vezes:

“Repetidamente, eu fui acordada por funcionários que colocavam uma lanterna no meu rosto, me tiravam da cama e me mandavam ficar quieta enquanto me levavam à ‘sala de exames'”, relembra.
“Em privação de sono e dopada com remédios, eu não sabia o que estava acontecendo. Me obrigavam a deitar numa maca, abrir minhas pernas e passar por exames ginecológicos. Eu me lembro de chorar enquanto me seguravam. Eu dizia ‘não’ e perguntava o motivo, mas eles só diziam: ‘Cale a boca, fique quieta, pare de lutar ou você vai para a obs’”, relatou Paris.

“Obs, abreviação para observação, era uma solitária numa sala de concreto que não tinha nada além de um ralo e um rolo de papel higiênico. O quarto era gelado e eu estava quase nua. Eu fiquei andando até não conseguir mais ficar de pé. Depois me agachei no chão, fiquei me balançando e me obriguei a pensar na vida que eu criaria para mim mesma quando saísse de lá”, descreve Paris.

Ela descreve o que passou como tortura, e acrescenta: “Essa experiência, assim como os abusos físico, emocional e sexual pelos quais passei, levaram a anos de insônia causada pelo trauma, e um transtorno de estresse pós-traumático complexo do qual eu e inúmeros outros sobreviventes da violência institucional infantil sofremos há anos”.