Os irmãos britânico-americanos Andrew e Tristan Tate, que enfrentam acusações de tráfico humano e estupro, chegaram nesta quinta-feira (27/02) aos Estados Unidos após as autoridades da Romênia suspenderem a proibição para que os dois deixassem o país.
Após embarcarem num voo, o guru misógino Andrew e seu irmão aterrissaram em Fort Lauderdale, no estado americano da Flórida, por volta do meio-dia (horário local).
Os Tate – que têm dupla nacionalidade – haviam sido detidos no final de 2022 na Romênia e formalmente acusados no ano passado de terem participado numa rede criminosa que atraía mulheres para ao país europeu, onde elas eram exploradas sexualmente. Andrew Tate também foi acusado de estupro. Segundo a acusação, os dois foram responsáveis pela exploração sexual de pelo menos 35 mulheres, incluindo uma adolescente de 15 anos. Desde 2022, os dois passaram vários períodos na cadeia e em prisão domiciliar na Romênia antes de serem finalmente soltos neste mês.
Os irmãos Tate também são acusados de estupro no Reino Unido, que entrou com um pedido de extradição na Romênia.
No entanto, em dezembro, um tribunal romeno decidiu que o caso não podia ir a julgamento devido a múltiplas irregularidades legais e processuais por parte do Ministério Público. O caso continua em aberto.
A agência romena de combate ao crime organizado, DIICOT, disse em comunicado que os procuradores aprovaram um pedido para alterar as restrições de viagem dos irmãos Tate, mas não disse quem fez o pedido.
Ajuda do governo Trump?
Segundo uma reportagem do jornal britânico Financial Times publicada em 7 de fevereiro, o governo de Donald Trump pressionou o governo da Romênia para que Andrew e Tristan recuperassem seus passaportes. Já o ministro do Exterior da Romênia, Emil Hurezeanu, disse que um enviado de Trump, Richard Grenell, mencionou o caso com ele na Conferência de Segurança de Munique no início de fevereiro.
Os irmãos Tate são apoiadores de Trump e também têm vínculos com figuras de seu governo. Um dos advogados de Tate, por exemplo, foi nomeado recentemente para um cargo e assessor na Casa Branca.
No entanto, o ministro da Justiça, Radu Marinescu, declarou nesta quinta-feira que “não recebeu nenhum tipo de solicitação das autoridades americanas”.
Os irmãos continuam a ser obrigados a comparecer perante as autoridades judiciais quando convocados. “Os arguidos foram avisados de que a violação deliberada destas obrigações pode resultar na substituição do controle judicial por uma medida de privação de liberdade mais rigorosa”, aponta o comunicado.
Depois de os irmãos terem chegado à Florida, o procurador-geral do estado americano, James Uthmeier, disse numa publicação nas redes sociais que o seu gabinete iria conduzir um “inquérito preliminar” sobre eles. “A Flórida tem tolerância zero para o tráfico de seres humanos e a violência contra as mulheres. Se algum desses supostos crimes for de competência da Flórida, nós os responsabilizaremos”, disse Uthmeier.
Por sua vez, em coletiva de imprensa, o governador da Flórida, Ron DeSantis, afirmou que seu estado “não é um lugar onde esse tipo de conduta seja aceita”.
Misoginia e discurso de ódio
Ex-lutador profissional de kickboxer, Andrew Tate foi banido de várias redes sociais por seus comentários misóginos e por espalhar discurso de ódio. Ele ganhou fama em 2016, ao ser expulso do Big Brother britânico após um vídeo que parecia mostrá-lo atacando uma mulher.
Depois disso, Tate conquistou um grande número de seguidores nas redes sociais – atualmente tem 10,7 milhões de seguidores no X – ao promover a masculinidade tóxica e compartilhar opiniões misóginas sobre o papel das mulheres. Ele foi banido de várias plataformas por causa dessas opiniões, mas foi reintegrado ao X.