No Japão, a família Abe, com os irmãos Uta e Hifumi, são bem conhecidos por suas proezas no judô e, embora obviamente não sejam adversários nos tatames, sua saudável rivalidade pode levá-los à glória olímpica no mesmo dia dos Jogos de Tóquio-2020.

No dia 25 de julho, no mítico Nippon Budokan, Uta, bicampeã mundial, vai lutar na categoria para atletas com até 52 kg. Hifumi, também bicampeão mundial, vai competir na categoria até 66 kg.

Sem o entorno familiar e o apoio constante que um deu ao outro ao longo de todos esses anos talvez não tivessem seguido a mesma carreira.

“Nós nos incentivamos constantemente. E embora não falemos diretamente um com o outro, podemos sentir isso sem usar palavras”, explicou Uta recentemente.

Foi Hufumi quem se apaixonou pelos tatames pela primeira vez, quando tinha apenas seis anos de idade. Mas logo depois sua irmã, três anos mais nova, seguiu seus passos.

– Pai queria que fossem pianistas –

No entanto, para eles o judô não era algo simples de encarar, já que seu pai Koji, um bombeiro profissional, queria que tocassem piano.

Mas a pequena Uta tinha uma determinação especial pelo judô e imediatamente mostrou suas qualidades e seu pai previu mais futuro para ela do que para o irmão, além do fato de que ambos dominavam regularmente seus adversários nas categorias de base.

Mas ao passar para a categoria adulta em 2017, Hifumi conquista seu primeiro título mundial, mostrando que seu pai havia errado nas previsões. No ano seguinte, Hifumi manteve a coroa e sua irmã também conquistou o título, levando de Baku ao Japão duas medalhas de ouro para a família.

“Meu objetivo em Baku, mais do que obter um segundo título mundial consecutivo, era que ambos ganhássemos, irmão e irmã”, confessou Hifumi na época da dupla consagração.

“Quando minha irmã venceu, cheguei ao tatame para a final ainda mais motivado”, relembrou o judoca.

Infelizmente para eles, no Mundial de 2019, Hifumi teve que se contentar com a medalha de bronze, enquanto sua irmã ficou com o ouro.

Agora é a vez dos Jogos Olímpicos e em sua própria terra natal, onde querem repetir a dobradinha dourada, apesar do fato de Uta parecer ter mais potencial do que seu irmão, já que Hifumi teve que se classificar através de um play-off para Tóquio-2020 com um duelo inédito de 24 minutos contra o campeão mundial Joshiro Maruyama, em dezembro passado.

Depois de anos à sombra do irmão, agora quem brilha é Uta, com um recorde de 48 vitórias consecutivas contra adversárias não japonesas.

No entanto, ela não esquece a importância do irmão, que sempre a incentivou. “Eu não teria conseguido tudo isso sem meu irmão mais velho. Nem sei se poderia ter começado o judô sem ele”, comentou mostrando um grande reconhecimento.

Ambos estão se concentrando atualmente no duplo sonho olímpico: o ouro no mesmo dia. Como Hifumi antecipou com uma postagem no último Ano Novo nas redes sociais: “Em 2021, irmão e irmã, nós dois vamos ganhar a medalha de ouro nos Jogos de Tóquio.”

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