Irmãos Dardenne entram em cena no último dia da competição em Cannes

Os irmãos belgas Luc e Jean-Pierre Dardenne entram em cena nesta sexta-feira (23) com “Jeunes mères”, um drama sobre mães solteiras, no último dia da mostra competitiva do Festival de Cannes.

Após 10 dias e 20 filmes já exibidos, Cannes virou um caldeirão de rumores sobre a difícil escolha que o júri, presidido pela atriz francesa Juliette Binoche, precisa tomar, antes de anunciar os vencedores do festival no sábado.

Além de “Jeunes mères”, Cannes encerra a competição oficial à noite com “The Mastermind”, da americana Kelly Reichardt, sobre um roubo de obras de arte nos Estados Unidos turbulentos dos anos 1970, com o fantasma da guerra do Vietnã e a crise econômica como pano de fundo.

O protagonista do filme é Josh O’Connor, o ator britânico de 35 anos que também está à frente do elenco de outro filme da mostra oficial este ano, o romance gay “The History of Sound”, ao lado de Paul Mescal.

Reichardt é uma das vozes mais importantes do cinema independente americano e já participou da competição em Cannes há três anos, com “Showing Up”.

– Poucos recursos e muitos prêmios –

A chegada dos irmãos Dardenne, vencedores de duas Palmas de Ouro (“Rosetta” e “A Criança”) e de outros prêmios em Cannes, adiciona emoção ao evento. Os belgas podem se tornar os primeiros cineastas a conquistar o principal prêmio do festival francês pela terceira vez.

“Jeunes mères” é um drama social que segue a linha da produção cinematográfica dos irmãos, que conseguem, sempre com economia de recursos e muitas vezes com atores não profissionais, expor os males da sociedade europeia.

Seu ponto de vista é sempre de esquerda e combativo. E este novo filme, que descreve a convivência de um grupo de adolescentes grávidas ou já mães, em uma casa de acolhimento, promete provocar lágrimas na sala de projeção.

“Jeunes mères” também estreia nesta sexta-feira nos cinemas da França. A cerimônia de Cannes será uma oportunidade para homenagear Emilie Dequenne, a atriz belga que encantou a Croisette em 1999 com sua interpretação em “Rosetta”, a primeira Palma de Ouro dos irmãos Dardenne.

Dequenne morreu há alguns meses, aos 43 anos, vítima de uma forma rara de câncer.

“O festival teve a ideia de exibir o filme no último dia, como “Rosetta”. Assim, inevitavelmente, esse é o vínculo. Depois, Thierry Frémaux (o delegado geral do festival) disse que a seleção foi dedicada a Émilie. Então é isso, ela está aqui, seu fantasma está aqui”, declarou Luc Dardenne.

“Rosetta” era uma jovem que lutava para sair da pobreza. “Jeunes mères” narra os sonhos e medos de um grupo de cinco garotas.

“O filme explicará como cada uma delas será liberada de um peso, de um destino que foi imposto”, explica Jean-Pierre Dardenne.

Nesta sexta-feira também serão revelados os prêmios das mostras paralelas, como Um Certo Olhar e a Queer Palm, prêmio alternativo LGBTQI+ que comemora 15 anos.

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