Tony Hernández, irmão do presidente de Honduras, Juan Orlando Hernández, foi declarado culpado de narcotráfico nesta sexta-feira (18) por um júri popular, em um tribunal federal de Nova York.

Após duas semanas de julgamento e menos de dois dias de deliberações, Juan Antonio “Tony” Hernández, um deputado hondurenho de 41 anos, foi considerado culpado pelas quatro acusações apresentadas contra ele e pode ser condenado à prisão perpétua, informou o gabinete do promotor federal em Manhattan.

A sentença de Hernández será comunicada numa audiência marcada para 17 de janeiro de 2020.

Durante o julgamento, a promotoria afirmou, contando com depoimentos de ex-traficantes de drogas, que Hernández participou por anos do tráfico de cocaína, operando “com total impunidade” graças à proteção de seu irmão Juan Orlando e contribuindo para a “putrefação” das instituições de Honduras.

“O réu está protegido pelo atual presidente (de Honduras), que recebeu milhões de dólares em subornos de traficantes de drogas, incluindo (o mexicano Joaquín) Guzmán ‘El Chapo'”, afirmou o promotor na abertura do processo, em 2 de outubro.

Poucos dias depois, o ex-traficante e ex-prefeito hondurenho Alexander Ardon declarou no tribunal que participou de uma reunião em 2013 em que o chefe do cartel de Sinaloa entregou um milhão de dólares em dinheiro a Tony Hernandez para a campanha eleitoral de seu irmão.

Estas acusações, classificadas como “100% falsas, absurdas e ridículas” pelo presidente de Honduras, provocaram manifestações em Tegucigalpa, pedindo a renúncia de Juan Orlando Hernández.

Nesta sexta-feira, o presidente lamentou a condenação de seu irmão e questionou a decisão, que considerou “baseada em testemunhos de assassinos confessos”.

Também o advogado de defesa de Hernández colocou em dúvida a credibilidade dos depoimentos, apresentados por ex-narcotraficantes e reconhecidos assassinos. Avaliou também a menção de Chapo Guzmán, condenado por narcotráfico nos Estados Unidos, não substitui a ausência de provas materiais.

Mas esses argumentos não pesaram no júri, que apresentou seu veredicto após menos de dois dias de deliberação.

Tony Hernández foi detido no aeroporto de Miami em novembro de 2018, acusado de quatro crimes de narcotráfico, posse de armas de fogo e falso testemunho.

Segundo o governo dos Estados Unidos, Hernández está envolvido no narcotráfico desde 2004 e, por mais de uma década, esteve envolvido na distribuição de cocaína.