O governo irlandês terá a decisão final se as propostas do governo do Reino Unido para evitar controles aduaneiros na ilha são aceitáveis, disse o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, na sexta-feira. Autoridades da República da Irlanda temem que a decisão do Reino Unido de deixar a União Europeia (UE), prevista para março de 2019, vai prejudicar os vínculos comerciais e sociais entre os dois países, que se aprofundaram desde o fim da violência há quase duas décadas.

A UE disse que, sem progresso suficiente no projeto de lei de saída do Reino Unido, nos direitos dos cidadãos e na prevenção de uma fronteira dura na Irlanda, não começará a trabalhar em um acordo comercial futuro com o Reino Unido.

Quando o Reino Unido deixar a UE, levará a Irlanda do Norte consigo. Isso representa um problema porque a Irlanda do Norte compartilha uma fronteira terrestre com a República da Irlanda, participante do bloco. “Eu vou consultar o Taoiseach (chefe de governo da Irlanda) se a oferta do Reino Unido é suficiente para o governo irlandês”, disse Tusk, depois de se encontrar com o primeiro-ministro da Irlanda, Leo Varadkar, em Dublin. “Deixe-me dizer muito claramente, se a oferta do Reino Unido for inaceitável para a Irlanda, também será inaceitável para a UE.”

A primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, viajará a Bruxelas na segunda-feira para conversar com o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, e com o negociador chefe da UE para o Brexit, Michel Barnier. Autoridades da UE disseram publicamente que segunda-feira é o prazo para que os britânicos ofereçam concessões que possam desbloquear o avanço nas negociações na cúpula dos líderes da UE em meados de dezembro. Tusk presidirá as reuniões dos líderes da UE.

Varadkar disse que continua esperançoso de garantir um compromisso firme do governo do Reino Unido de que o Brexit não levará à criação de uma “fronteira dura”. “Eu também estou preparado para ser firme se a oferta do Reino Unido ficar abaixo do esperado”, advertiu. Na sexta-feira anterior, o ministro das Relações Exteriores da Irlanda, Simon Coveney, disse que o Reino Unido deve evitar a “divergência regulatória” entre a Irlanda do Norte e a República da Irlanda. “Se houver, será muito difícil evitar um sistema de verificação”, disse Coveney à BBC.

Coveney propôs no mês passado que Londres atribuísse status especial à Irlanda do Norte, inspirado em como a China lidou com Hong Kong após a devolução do Reino Unido em 1997. No entanto, essa proposta foi rejeitada pelo Partido Unionista Democrático (DUP, na sigla em inglês) da Irlanda do Norte, que não quer que a província tenha laços mais estreitos com a Irlanda e a UE do que com o Reino Unido. O Partido Conservador de May depende do DUP para ter maioria parlamentar.

Assine nossa newsletter:

Inscreva-se nas nossas newsletters e receba as principais notícias do dia em seu e-mail

O aparente impasse na Irlanda sinaliza que o Reino Unido e a UE estão perto de chegar a uma solução financeira sobre o Brexit. O acordo, que autoridades da UE inicialmente estimaram em cerca de 60 bilhões de euros (US$ 71 bilhões), tem sido um obstáculo para o avanço das negociações. Fonte: Dow Jones Newswires.


Siga a IstoÉ no Google News e receba alertas sobre as principais notícias