Irlanda quer adiar votação de acordo Mercosul-UE para 2026

BRUXELAS, 16 DEZ (ANSA) – O governo da Irlanda disse nesta terça-feira (16) que espera um adiamento da votação entre os Estados-membros da União Europeia sobre o acordo de livre comércio com o Mercosul.   

“As indicações que temos neste momento mostram que a votação poderia muito bem ser postergada para janeiro. Alguns países ainda nutrem preocupações, o próprio governo irlandês tem algumas preocupações”, declarou o ministro de Assuntos Europeus de Dublin, Thomas Byrne.   

“Vamos ver o que acontece, mas espero que não haja um voto sobre o Mercosul nesta semana”, salientou Byrne à margem de uma reunião ministerial da UE em Bruxelas.   

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, deseja viajar ao Brasil no sábado (20) para assinar o acordo com o Mercosul, que criaria a maior área de livre comércio do mundo, mas primeiro ela precisa do aval dos Estados-membros da UE ao tratado.   

O tema deve estar na mesa de uma reunião de líderes dos 27 países do bloco entre quinta (18) e sexta (19), que poderia ajudar a destravar as negociações, porém ainda é incerto se o tratado garantiria neste momento o apoio de pelo menos 15 dos 27 membros da União, representando no mínimo 65% da população.   

“Espero que a questão seja adiada para janeiro”, reforçou Byrne. França, Polônia e Hungria são contra a aprovação do acordo neste momento, enquanto Alemanha e Espanha querem assiná-lo ainda neste ano. “Precisamos do Mercosul mais do que nunca, ele é fundamental para abrir novas vias comerciais e acessar novos mercados. As vantagens claramente superam as desvantagens”, destacou o subsecretário alemão de Assuntos Europeus, Gunther Krichbaum, em Bruxelas.   

Nesse cenário, o papel da Itália, terceiro país mais populoso da UE, pode ser decisivo. O governo de Giorgia Meloni diz defender o pacto com o Mercosul, porém também tem feito ressalvas a respeito dos efeitos no setor agropecuário e já deu indícios de que não se importaria de votá-lo no ano que vem.   

“Se der tempo [de assinar em 20 de dezembro], então quanto antes, melhor. Se não der, significará que precisaremos de mais tempo, mas o objetivo da Itália é proteger o sistema produtivo europeu”, afirmou recentemente o ministro italiano da Agricultura, Francesco Lollobrigida. (ANSA).