Um ano depois do anúncio da vitória contra o grupo extremista Estado Islâmico (EI), o primeiro-ministro iraquiano, Adel Abdel Mahdi, prometeu nesta segunda-feira (10) lutar contra a corrupção e levar de volta para casa as milhares de pessoas deslocadas pela guerra.

Em 9 de dezembro de 2017, o então primeiro-ministro, Haider al-Abadi, proclamou a “vitória” contra o EI, mais de três anos depois de uma ofensiva dos extremistas que conquistaram um terço do país.

A data de 10 de dezembro é, agora, um dia festivo, e as comemorações deste aniversário acontecem em todo o país. Em Bagdá, as barreiras e veículos militares foram decorados com balões de festa.

O Iraque registrou “a maior vitória contra as forças do mal e do terrorismo” quando expulsou o EI de seu território, afirmou Abdel Mahdi, em um discurso na televisão oficial.

“A vitória final que agora esperamos responde às aspirações e às esperanças do povo (…) Se não eliminarmos a corrupção, nossa vitória ficará inacabada”, acrescentou.

“O retorno dos refugiados e a reconstrução de suas cidades são um objetivo, ao qual dedicaremos todos os nossos esforços”, garantiu.

Depois de anos de instabilidade política e de violência, os iraquianos pedem agora a suas lideranças políticas que resolvam problemas como corrupção, falta de energia elétrica e de água, assim como de serviços públicos.

Essas reivindicações foram centrais nas manifestações do verão passado que provocaram incidentes.

Mais de 1,8 milhão de iraquianos continuam deslocados, e muitos vivem em acampamentos. Outros oito milhões precisam de ajuda humanitária, segundo o Conselho Norueguês para os Refugiados (NRC).

“Nossos heróis pagaram um preço alto para obter a vitória militar, e nosso dever agora é ganhar na frente política, social e cultural”, defendeu o presidente iraquiano, Barham Saleh, em um comunicado postado no Twitter.

Na frente política, os diferentes partidos não conseguem chegar a um acordo sobre as nomeações em vários ministérios, mais de seis meses depois das eleições legislativas.

Segundo Fanar Haddad, um especialista iraquiano, a tarefa de Adel Abdel Mahdi parece complicada porque, “carente de uma base popular e política, ele se encontra refém” dos interesses de diferentes forças políticas.

“Para a população, que espera e exige um novo começo após a derrota do EI, o processo de formação do governo que se estende indefinidamente mostra que a classe política caiu nas mesmas armadilhas de antes”, aponta.

Durante as comemorações, o primeiro-ministro também anunciou que reabriria, a partir desta segunda-feira, por um período de cinco horas à noite, parte da “Zona Verde”, um setor ultrasseguro onde estão as sedes do governo e do parlamento, bem como as embaixadas dos Estados Unidos e da Grã-Bretanha.

Quase todos os iraquianos são proibidos de entrar neste sector, numa capital que continua insegura com ataques a bombas, muitas vezes mortais.

O objetivo principal desta reabertura é reduzir os engarrafamentos em Bagdá.