Os iranianos votam, nesta sexta-feira (28), em eleições presidenciais sem favorito claro e com apenas um candidato reformista contra o campo conservador dividido.

Quase 61 milhões de iranianos são chamados a votar em uma das 58.640 assembleias de voto espalhadas por todo o país, desde o Mar Cáspio, no norte, até o Golfo, no sul.

As eleições tiveram que ser organizadas às pressas após a morte do presidente Ebrahim Raisi em um acidente de helicóptero em 19 de maio.

As eleições são acompanhadas de perto no exterior porque o Irã, um peso pesado no Oriente Médio, está no centro de várias crises, desde a guerra em Gaza até a questão do seu programa nuclear.

Seguindo a tradição, o líder supremo, o aiatolá Ali Khamenei, o cargo mais importante na estrutura política e religiosa do país, foi um dos primeiros a votar diante das câmeras em um centro em Teerã.

“O dia das eleições é um dia de alegria e felicidade para nós, iranianos”, disse ele. “Recomendamos que nosso querido povo leve a votação a sério e participe dela. Não vejo razão para hesitar”, acrescentou.

Quatro candidatos, todos homens com mais de cinquenta anos, estão na disputa, depois de dois outros candidatos ultraconservadores terem desistido um dia antes da disputa eleitoral.

Se nenhum dos candidatos obtiver mais da metade dos votos, será realizado um segundo turno no dia 5 de julho, algo que só aconteceu uma vez, em 2005, desde a fundação da República Islâmica há 45 anos.

Os resultados oficiais são esperados no domingo, mas as primeiras estimativas serão divulgadas no sábado.

A surpresa poderia vir do único candidato reformista, Masud Pezeshkian, um deputado de 69 anos que era quase desconhecido quando o Conselho dos Guardiões, autoridade que supervisiona as eleições, lhe deu permissão para concorrer.

Com a sua aparência discreta e falando sem rodeios, este médico de origem azeri, uma minoria no noroeste do Irã, deu uma nova esperança aos reformistas e moderados, marginalizados nos últimos anos pelos conservadores e ultraconservadores.

Ele é “honesto, justo e afetuoso”, disse o ex-presidente reformista Mohammad Jatami (1997-2005), que pediu para votar nele, assim como o ex-presidente moderado Hasan Rohani (2013-2021).

Pezeshkian enfrenta, entre outros, dois apoiadores do atual governo, Mohammad-Bagher Ghalibaf, presidente conservador do Parlamento, e Said Jalili, um ultraconservador que participou nas negociações internacionais sobre o programa nuclear iraniano e é hostil a uma aproximação com o Ocidente.

Para vencer, Pezeshkian precisa de um aumento significativo na participação em comparação com as eleições de 2021, nas quais participaram apenas 49% dos eleitores.

O presidente do Irã tem poderes limitados e é responsável por aplicar, à frente do governo, as principais linhas políticas definidas pelo líder supremo, o chefe de Estado.

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