Irã se diz aberto ao diálogo no Vaticano sobre questão nuclear

ROMA, 19 JUN (ANSA) – O governo iraniano demonstrou nesta quinta-feira (19) uma abertura ao diálogo com os Estados Unidos para discutir questões nucleares no Vaticano, em meio ao conflito entre Israel e o país persa.   

A declaração foi dada pelo embaixador da República Islâmica do Irã junto à Santa Sé, Mohammad Hossein Mokhtari, em entrevista ao jornal da Igreja Católica Italiana Avvenire.   

“Se a Santa Sé sugerir, eu seria o primeiro a garantir a disposição do Irã de se sentar à mesa no Vaticano com os Estados Unidos para tratar de questões nucleares”, declarou ele, ao aceitar o convite do papa Leão XIV para “se juntar aos inimigos”.   

Apesar disso, o representante diplomático de Teerã impõe uma condição: “é necessário deter a agressão do regime sionista”.   

Segundo Mokhtari, “o Irã já estava em negociações com os Estados Unidos especificamente sobre a questão nuclear”. E talvez até tivesse chegado a um acordo se o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e seu governo não tivessem atacado o país persa.   

“Nossa disposição de nos reunir sempre existiu, mas o regime sionista queria sabotar as negociações”, denunciou ele, enfatizando que, de acordo com a Carta da ONU, o Irã está enfrentando uma agressão de um Estado independente.   

“Na verdade, é um membro das Nações Unidas que está atacando outro membro da ONU, destacou.   

Segundo o embaixador iraniano, “há uma clara violação do direito internacional”. “No entanto, ninguém agiu, mesmo após a morte de centenas de civis”.   

Mokhtari afirmou ainda que “organizações internacionais criadas para garantir a paz e a estabilidade no mundo ignoram Israel: isso também se aplica ao genocídio em Gaza, onde nem mesmo a ajuda humanitária pode entrar”.   

Entretanto, garantiu que, “como afirmou nosso ministro das Relações Exteriores, assim que a agressão cessar, retomaremos o diálogo”.   

Por fim, o diplomata explicou que o Irã nunca imaginou “armas atômicas de destruição em massa” e sempre aceitou os controles internacionais, “mas o mesmo não pode ser dito de Tel Aviv, que possui ogivas nucleares e nunca forneceu informações precisas”.   

Além disso, Mokhtari reforçou que “ninguém tem o direito de atacar instalações nucleares civis”, “assim como ninguém pode matar oficiais militares de alta patente de outro Estado, massacrar cientistas ou provocar um massacre de civis”.   

Em resposta ao alerta do papa Leão XIV de que “ninguém jamais deve ameaçar a existência de outro”, o embaixador respondeu: “O Irã nunca declarou oficialmente que quer exterminar Israel. É apenas uma desculpa para justificar o conflito. E não somos contra o povo judeu. Na verdade, é o regime sionista que está desestabilizando toda a região ao declarar guerra aos seus vizinhos”, concluiu. (ANSA).