ISTAMBUL, 4 JAN (ANSA) – O Irã retomou nesta segunda-feira (04) o enriquecimento de urânio a 20% na planta nuclear de Fordow, afirmou o porta-voz do governo, Ali Rabiei, à agência de notícias estatal Irna. A medida é uma violação do acordo nuclear firmado entre Teerã e os países do Conselho de Segurança das Nações Unidas (mais a Alemanha) em 2015.

A determinação para o aumento foi dada pelo presidente do país, Hassan Rohani, e é uma consequência de uma lei aprovada no Parlamento – que é controlado pelos fundamentalistas adversários do atual mandatário – nas últimas semanas.

A confirmação ocorre cerca de uma semana depois de Teerã notificar a Agência Internacional para Energia Atômica (Aiea) de que tomaria a medida.

Até esta segunda-feira, o enriquecimento de urânio estava em 4,5% – um pouco acima do permitido pelo acordo, que era de 3,67%. O governo havia informado que essa era uma das medidas para responder aos Estados Unidos que, durante a Presidência de Donald Trump, retirou seu país do tratado e começou a reaplicar pesadas sanções econômicas contra os iranianos.

Apesar de não concordarem, a União Europeia e a ONU acabaram não aplicando nenhuma sanção contra Teerã. Dessa vez, no entanto, o bloco condenou a decisão iraniana.

“Se o anúncio realmente foi aplicado, representaria um notável afastamento dos compromissos nucleares do Irã […] com graves implicações sobre a não proliferação”, informou um dos porta-vozes do bloco.

A divulgação também ocorre a poucos dias da posse do presidente eleito dos EUA, Joe Biden, que informou que pretende recolocar os EUA no acordo internacional.

Segundo analistas internacionais, além da medida ser uma forma de acalmar a briga política contra Rohani, a decisão também antecipa prováveis novas sanções de Washington nos últimos dias do governo Trump.

Mesmo com a grande alta no enriquecimento, o valor ainda está bastante abaixo do que é necessário para produzir armas nucleares – na faixa de 90%. (ANSA).