11/01/2020 - 2:34
O Estado-Maior das Forças Armadas iranianas admitiu neste sábado que um “erro humano” foi a origem da catástrofe com o Boeing 737 da Ukrainian Airlines, e Teerã pediu desculpas pelo incidente, cuja origem foi o “aventureirismo” dos Estados Unidos.
O aparelho, no qual viajavam 176 pessoas, foi identificado como um “avião hostil” e “atingido” no momento em que a ameaça inimiga se encontrava “no mais alto nível”, revelou um comunicado divulgado pela agência oficial de notícias Irna.
O presidente iraniano, Hassan Rohani, declarou que seu país “lamenta profundamente” o incidente, que chamou de “grande tragédia” e “erro imperdoável”.
“A investigação interna das Forças Armadas concluiu que, lamentavelmente, mísseis lançados por um erro humano causaram o horrível impacto no avião e a morte de 176 inocentes”.
A maioria das vítimas era iraniano-canadense, mas também havia britânicos, suecos e ucranianos a bordo.
O ministro das Relações Exteriores, Mohammad Javad Zarif, apresentou as desculpas do Irã pela catástrofe.
“É um dia triste”, escreveu Zarif no Twitter, citando um “erro humano em tempos de crise causada pelo aventureirismo dos americanos. Nosso profundo arrependimento, desculpas e condolências ao nosso povo, às famílias de todas as vítimas e às outras nações afetadas”.
O incidente ocorreu na madrugada de quarta-feira, logo após o Irã disparar mísseis contra bases militares utilizadas pelos militares americanos estacionados no Iraque em resposta ao assassinato pelos EUA de um general iraniano em um ataque com um drone em Bagdá.
O Estado-Maior garantiu à população que o “responsável” pela tragédia será levado “imediatamente” à Corte Marcial e que o fato não se repetirá.
“Garantimos que com as reformas fundamentais nos processos operacionais das Forças Armadas tornaremos impossível a repetição de erro semelhante”.
O voo PS752 da companhia Ukraine Airlines International (UAI) caiu dois minutos depois de decolar do Aeroporto de Teerã rumo a Kiev.
Estados Unidos, Canadá, Reino Unido e Holanda já haviam antecipado que a queda era resultado de um míssil iraniano, e vídeos neste sentido foram publicados nas redes sociais.
– Tragédia anunciada –
Os incidentes envolvendo mísseis e aviões comerciais sobre áreas de conflito não são exatamente raros.
Em 17 de julho de 2014, o voo MH17 da Malaysia Airlines que seguia de Amsterdã para Kuala Lumpur foi derrubado sobre o leste da Ucrânia, controlado por rebeldes, matando as 298 pessoas a bordo do Boeing 777, incluindo 193 holandeses.
As autoridades de Kiev e os rebeldes separatistas pró-Rússia se acusaram mutuamente de disparar o míssil que derrubou o aparelho.
Em julho de 1988, um Airbus A-300 da Iran Air, que voava de Bandar Abbas, no Irã, para Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, foi derrubado nas águas territoriais do Irã no Golfo Pérsico por mísseis disparados de uma fragata americana que patrulhava o Estreito de Ormuz.
As 290 pessoas a bordo morreram e os Estados Unidos pagaram ao Irã 101,8 milhões de dólares em indenização.