O Irã lançou neste sábado (13) um ataque com drones e mísseis contra o território israelense, marcando uma escalada de consequências imprevisíveis em uma região já abalada por mais de seis meses de guerra entre Israel e o movimento islamista palestino Hamas na Faixa de Gaza.

Este é o primeiro ataque direto da República Islâmica do Irã contra o território de Israel, seu arqui-inimigo.

Paralelamente, o Hezbollah libanês e os rebeldes huthis do Iêmen, ambos aliados do Irã, realizaram seus próprios ataques contra Israel. O primeiro disparou foguetes contra as Colinas de Golã, ocupadas por Israel, e os últimos lançaram drones em direção ao território israelense.

Por sua vez, a Guarda Revolucionária, exército ideológico da República Islâmica, anunciou também ter lançado mísseis contra Israel como parte desta operação em retaliação ao bombardeio de seu consulado em Damasco em 1º de abril, no qual morreram dois de seus generais e que foi atribuído a Israel.

O ataque iraniano foi lançado “em resposta aos numerosos crimes cometidos pelo regime sionista, incluindo o ataque à seção consular da embaixada da República Islâmica do Irã em Damasco e o martírio de um grupo de comandantes e assessores militares de nosso país na Síria”, indicou a televisão estatal iraniana, citando o departamento de relações públicas da Guarda.

Imediatamente após o início da retaliação do Irã, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, reuniu seu gabinete de guerra em uma sala blindada, em um local secreto.

Os Estados Unidos, principal aliado de Israel, indicaram que “apoiarão o povo de Israel”, após terem anunciado na sexta-feira o envio de reforços militares para a região.

O presidente americano, Joe Biden, prometeu um “apoio inabalável” a Israel contra ataques iranianos após uma reunião urgente com seus principais oficiais de segurança sobre a crise em espiral no Oriente Médio.

“Acabei de me encontrar com minha equipe de segurança nacional para uma atualização sobre os ataques do Irã contra Israel. Nosso compromisso com a segurança de Israel contra ameaças do Irã e seus procuradores é inabalável”, declarou.

A missão iraniana na ONU indicou na rede social X que este “é um conflito entre o Irã e o regime israelense desonesto, do qual os Estados Unidos DEVEM FICAR DE FORA!”.

-‘Drones assassinos’-

“O Irã lançou drones de seu território contra o Estado de Israel”, indicou pela televisão o porta-voz do Exército israelense, Daniel Hagari, pouco depois das 23h00 locais (17h00 de Brasília).

“Estamos monitorando de perto os drones assassinos enviados pelo Irã e que estão a caminho de Israel. Trata-se de uma escalada grave e perigosa”, acrescentou, garantindo que Israel trabalha “estreitamente” com os Estados Unidos e seus aliados na região para “interceptar os drones”.

Segundo fontes de Defesa, os Estados Unidos derrubaram vários dos drones disparados do Irã.

Um funcionário israelense havia dito que Teerã lançou mais de 100 drones.

Jornalistas da AFP afirmaram ter ouvido várias explosões em Jerusalém na madrugada deste domingo (noite de sábado em Brasília) pouco antes de começarem a soar os alarmes de alerta, e também em Jericó, na Cisjordânia ocupada.

O Exército israelense assegurou que os alarmes também soaram na região do Neguev, no sul.

Israel, que à tarde anunciou o fechamento das escolas em todo o país “considerando a situação de segurança”, informou sobre o fechamento de seu espaço aéreo a partir das 21h30 GMT (18h30 de Brasília).

Jordânia e Líbano, vizinhos de Israel, e Iraque, que compartilha fronteira com o Irã, também informaram sobre o fechamento de seu espaço aéreo, enquanto o Egito disse que sua defesa aérea estava em estado de alerta máximo.

Poucos minutos após o início da operação iraniana, a conta na rede social X do líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, voltou a publicar uma mensagem que afirmava que “o regime diabólico será punido”.

França e Reino Unido condenaram o ataque iraniano, assim como a União Europeia, que o qualificou de “escalada sem precedentes”.

A Alemanha condenou os ataques e alertou a ofensiva com drones e mísseis iranianos contra Israel poderia “lançar uma região inteira no caos”, instando Teerã a interromper as agressões.

– Guerra em Gaza –

No sábado de manhã, as forças marítimas da Guarda Revolucionária interceptaram um navio “vinculado” a interesses israelenses no Estreito de Ormuz, por onde transita grande parte da produção petrolífera dos países do Golfo, com 25 tripulantes a bordo.

Esta escalada ocorre no contexto da guerra entre Israel e o Hamas, movimento apoiado pelo Irã e no poder na Faixa de Gaza, desencadeada por uma sangrenta incursão de comandos islamistas no sul de Israel em 7 de outubro.

Naquele dia, os combatentes do movimento islamista mataram cerca de 1.170 pessoas em Israel, a maioria civis, segundo um levantamento da AFP com base em dados oficiais israelenses.

Também tomaram 250 reféns, dos quais 129 continuam em Gaza, incluindo 34 que se acredita terem morrido, segundo autoridades israelenses.

Em resposta, Israel prometeu “aniquilar” o Hamas e lançou uma ofensiva implacável que já deixou 33.686 mortos em Gaza, a maioria civis, segundo o Ministério da Saúde do território, governado pelo Hamas desde 2007.

O conflito, além do grande número de vítimas, deixou a maioria dos quase 2,5 milhões de habitantes de Gaza à beira da fome, segundo a ONU. O cerco israelense impede a entrada da ajuda humanitária necessária ao pequeno território.

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