O bombardeio israelense a uma prisão em Teerã onde o regime iraniano detém presos políticos e dissidentes provocou 71 mortes, anunciaram autoridades judiciais do Irã neste domingo (29/06).
“No ataque à Prisão de Evin, 71 pessoas foram mortas, incluindo funcionários administrativos, detentos, parentes de presos que estavam visitando e pessoas que viviam próximas à prisão”, disse um porta-voz à Mizan, agência de notícias do Judiciário.
A afirmação do regime iraniano, contudo, não pôde ser verificada de forma independente.
Em 23 de junho, o exército israelense bombardeou a prisão notória por abrigar opositores, incluindo manifestantes do movimento “Mulher, Vida, Liberdade”, que sacudiu o regime após a morte da estudante Mahsa Amini sob custódia de policiais.
O ataque – que foi reconhecido por autoridades israelenses – também teria deixado diversos feridos, afirmou o porta-voz, sem citar números.
Segundo ele, projéteis israelenses teriam atingido a sala de visitas onde aconteciam encontros entre parentes e presos, e prédios residenciais próximos também teriam sido afetados.
Naquele mesmo dia, por pressão do presidente americano Donald Trump, Israel acabou concordando um cessar-fogo.
Estrago real do bombardeio é desconhecido
No dia do ataque, o ministro isralense do Exterior, Gideon Saar, chegou a postar nas redes sociais um vídeo que mostrava a explosão do portão da prisão. “Viva a liberdade, carajo!”, escreveu Saar, repetindo um bordão do presidente argentino Javier Milei.
O vídeo circulou amplamente na imprensa, mas uma checagem posterior revelou que o conteúdo é falso e que muito provavelmente foi gerado com inteligência artificial.
O Escritório de Direitos Humanos da ONU condenou o ataque à prisão, classificando-o de grave violação do direito internacional por comprometer a segurança dos detentos e não distinguir entre alvos militares e civis.
No sábado, o Irã confirmou que seu principal procurador, Ali Ghanaatkar – que perseguiu dissidentes como a vencedora do prêmio Nobel da paz Narges Mohammadi –, estava entre as vítimas do ataque. Ele foi um dos velados em um funeral coletivo aberto ao público organizado naquele mesmo dia pelo regime.