 "Irã diz estar pronto a resolver 'problemas' com EUA")
O presidente do Irã, Masoud Pezeshkian, garantiu nesta quarta-feira (24) que o país está pronto para “resolver os problemas” com os Estados Unidos, inimigos históricos de Teerã desde a Revolução Islâmica de 1979.
A declaração chega na esteira do cessar-fogo com Israel após 12 dias de um conflito que eliminou boa parte do comando militar e danificou o programa nuclear do país persa.
“O Irã está pronto para resolver os problemas com os Estados Unidos, com base no quadro internacional. Não pedimos nada além de nossos direitos”, disse Pezeshkian em uma conversa por telefone com o príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammad bin Salman.
Riad é rival de Teerã no Oriente Médio, mas as duas potências muçulmanas – uma sunita e outra xiita – vêm trabalhando para se aproximar desde 2023.
“Esperamos que as conversas com os Estados Unidos comecem e deem frutos o quanto antes. O Irã agradece pela ajuda de nossos países amigos e irmãos nesse sentido”, acrescentou o presidente.
Pezeshkian também assegurou que Teerã “não procura confrontos” com as nações islâmicas e fronteiriças, mensagem direcionada ao Catar, palco do ataque iraniano contra a principal base militar dos EUA no Oriente Médio.
“Tivemos de atacar a base no Catar para responder à direta cumplicidade dos americanos na agressão israelense contra a integridade territorial do Irã”, disse ele, acusando a Casa Branca e o “regime sionista” de “semear discórdia e inimizade entre países islâmicos”.
Por sua vez, o presidente americano, Donald Trump, afirmou nesta quarta-feira que o cessar-fogo “caminha muito bem” e que os iranianos “não construirão a bomba [atômica] por muito tempo”. No último fim de semana, aviões dos EUA bombardearam três centrais nucleares no Irã (Fordow, Isfahan e Natanz), mas a extensão dos danos ainda é incerta.
“Fordow foi totalmente destruída”, garantiu o magnata republicano, embora a informação não tenha sido confirmada por fontes independentes. “O ataque em Fordow colocou fim à guerra.
Essencialmente, foi a mesma coisa de Hiroshima e Nagasaki”, acrescentou Trump, em referência às bombas nucleares que devastaram as duas cidades japonesas e marcaram o fim da Segunda Guerra Mundial.
“Tudo colapsou, os túneis desabaram, e ninguém pode entrar para ver”, assegurou o presidente dos Estados Unidos. “Mas agora estamos muito de acordo com o Irã”, afirmou o republicano, que deu declarações à imprensa em Haia, na Holanda, ao lado do secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Mark Rutte.
A guerra havia sido deflagrada em 13 de junho, após ataques de Israel contra alvos militares e nucleares iranianos. Pelo menos 610 pessoas morreram no Irã, segundo dados oficiais, embora um balanço da ONG independente Agência de Notícias de Ativistas dos Direitos Humanos (Hrana, na sigla em inglês) fale em 1.054 óbitos, incluindo pelo menos 417 civis.
O conflito também tirou as vidas de pelo menos 28 pessoas em solo israelense. (ANSA).