Teerã lança primeiro bombardeio em retaliação à ofensiva israelense contra suas instalações nucleares. Explosões atingem centro de Tel Aviv.Israel lançou um ataque sem precedentes contra o Irã na madrugada desta sexta-feira (13/06), com o objetivo de desmantelar suas instalações nucleares, matando ao menos três dos chefes militares do país e seis cientistas nucleares de alto escalão. A ofensiva foi anunciada como o início de uma operação prolongada para impedir que Teerã construa uma bomba atômica.
O Irã chamou a ação de "declaração de guerra" e retaliou imediatamente com o lançamento de mais de 100 drones em direção ao território israelense.
A nova onda de ataques gerou temores de que as tensões entre os rivais, fortemente armados, se transformem numa guerra em grande escala no Oriente Médio.
A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), das Nações Unidas, alertou para o risco de "liberações radioativas com graves consequências" após os ataques israelenses à infraestrutura nuclear do Irã e apelou aos envolvidos no conflito para que exerçam "o máximo de contenção".
O presidente americano Donald Trump aproveitou a ocasião para pressionar o Irã a selar um acordo nuclear com os Estados Unidos "antes que seja tarde demais".
Contudo, na noite de sexta-feira (no horário local), os países trocaram uma nova rodada de agressões. Mísseis atingiram a região de Teerã e as proximidades de Fordow – uma instalação nuclear que havia sido poupada por Israel na primeira leva de ataques.
Já a Guarda Revolucionária do Irã disparou centenas de mísseis contra Israel. Explosões foram ouvidas em Jerusalém e Tel Aviv. O governo israelense pediu à população para se proteger em abrigos subterrâneos.
Israel diz que destruiu estrutura para reconverter urânio
Militares de Israel disseram que um de seus ataques a uma instalação nuclear iraniana desmantelou a infraestrutura usada para reconverter o urânio enriquecido.
A reconversão é usada após o enriquecimento do urânio no processo de produção de armas nucleares.
Em uma postagem no Telegram, as Forças de Defesa de Israel (IDF) afirmaram que caças haviam concluído ataques ao centro nuclear de Isfahan, que fica a cerca de 300 quilômetros a sudeste da capital, Teerã.
"O ataque desmantelou uma instalação para produção de urânio metálico, infraestrutura para reconversão de urânio enriquecido, laboratórios e infraestrutura adicional", disse o IDF.
A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) afirmou que está ciente dos relatos e está "buscando informações das autoridades iranianas sobre qualquer impacto".
A agência atômica do Irã reconheceu que houve danos às instalações nucleares de Fordow, ao sul da capital, e de Isfahan.
"Em Isfahan houve ataques em vários pontos, relacionados a armazéns que pegaram fogo", disse o porta-voz da Organização de Energia Atômica do Irã, Behrouz Kamalvandi. "Os danos não foram extensos e não há motivo para preocupação em termos de contaminação."
O chefe do órgão, Rafael Grossi, também informou ao Conselho de Segurança da ONU que a infraestrutura acima do solo da usina de enriquecimento de urânio de Natanz foi destruída.
Em Natanz se encontra o principal centro de enriquecimento de urânio do Irã.
gq (dw)
Irã lança ataque contra Israel; mísseis atingem Tel Aviv
Mísseis iranianos atingiram Israel na noite desta sexta-feira (no horário local), em retaliação aos ataques israelenses lançados contra instalações nucleares no começo do dia. Sirenes de aviso soaram em todo o país e o exército ordenou os residentes a se protegerem em abrigos antiaéreos.
Explosões foram ouvidas em toda Jerusalém. Estações de TV israelenses também mostraram nuvens de fumaça subindo em Tel Aviv. Mísseis iranianos conseguiram furar o sistema de defesa israelense e atingiram prédios da capital.
Segundo os militares israelenses, a maioria dos mísseis foi interceptada, com o auxílio de militares americanos, e não atingiu o alvo. "Um número limitado de prédios foi afetado, alguns deles como resultado de estilhaços das operações de interceptação", disse o porta-voz do exército israelense em um post no X.
Eli Bin, porta-voz do serviço de resgate israelense Magen David Adom, disse que sete pessoas ficaram levemente feridas na região central após o bombardeio. Já o jornal israelense Haaretz calculou 21 feridos em todo o país.
A mídia estatal iraniana confirmou que mísseis balísticos foram disparados do Irã, marcando o início da resposta de Teerã aos intensos ataques aéreos israelenses. A Guarda Revolucionária do Irã disse que realizou ataques contra "dezenas de alvos" em Israel.
Mais cedo, o líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, acusou Israel de ter iniciado os ataques e de iniciar uma guerra. "Com esse crime, o regime sionista se preparou para um destino amargo e doloroso e com certeza o receberá", disse Khamenei.
Já o ministro da Defesa de Israel, Israel Katz, disse que o Irã cruzou uma "linha vermelha ao ousar disparar mísseis contra centros populacionais civis em Israel".
"Continuaremos a defender os cidadãos de Israel e a garantir que o regime dos aiatolás pague um preço muito alto por suas ações hediondas", acrescentou o ministro da Defesa.
gq (afp, reuters, ap, dw, ots)
Alemanha aumenta segurança de instituições judaicas após ataques
A Alemanha aumentou a segurança de prédios e instituições judaicas e israelenses após os últimos ataques de Israel contra o Irã, segundo o chanceler federal alemão Friedrich Merz.
O primeiro-ministro isralense Benjamin Netanyahu informou Merz sobre a operação militar na manhã de sexta-feira, o que levou o chanceler alemão a convocar uma reunião do gabinete de segurança do governo federal.
O Ministro do Interior da Alemanha, Alexander Dobrindt, enfatizou a necessidade das medidas de segurança para conter possíveis retaliações. "Vemos isso como um cenário de ameaça em potencial que pode surgir da situação no Oriente Médio", disse.
A Alemanha reiterou o direito de Israel de defender sua existência e proteger seus cidadãos, mas Merz pediu a ambos os lados que se abstivessem de ações que pudessem agravar o conflito e desestabilizar a região.
gq (dw)
Israel lança nova onda de ataques contra o Irã
Israel lançou uma nova onda de ataques de menor intensidade contra o Irã na noite desta sexta-feira (13/06, no horário local), mais de 12 horas após a primeira leva de bombardeios que matou chefes militares iranianos.
A mídia iraniana relatou explosões nos arredores norte e sul de Teerã e também em Fordow – uma instalação nuclear que havia sido poupada por Israel na primeira leva de ataques.
As defesas aéreas foram ativadas e explosões puderam ser ouvidas em cidades como Isfahan, Shahriar e Malard. Um drone israelense foi derrubado.
Segundo Israel, a nova ofensiva mira os locais de lançamento de mísseis e drones iranianos.
O primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu disse que a operação "continuará por tantos dias quantos forem necessários para eliminar essa ameaça [iraniana]".
"Daqui a algumas gerações, a história registrará que nossa geração se manteve firme, agiu a tempo e garantiu nosso futuro comum."
gq (reuters, ap, ots)
"Para o Irã, conflito militar direto com os EUA seria empreitada arriscada"
O Irã espalhou suas instalações nucleares por diversos locais, alguns dos quais em bunkers subterrâneos, o que torna mais difícil destruí-las.
Estudioso do país na Universidade do Sul da Flórida, Arman Mahmoudian explica que, por razões políticas domésticas, Teerã tende a reagir em caso de ataque. "O Irã se sente compelido a enviar ao menos um sinal claro, ainda que limitado, para evitar outros ataques. Israel, por sua vez, poderia expandir suas operações e atingir a infraestrutura de energia e petróleo, a fim de aumentar a pressão sobre Teerã", afirma Mahmoudian à DW.
A primeira reação do Irã aos ataques da madrugada desta sexta-feira foi disparar mais de 100 drones contra Israel – todos interceptados, segundo os militares israelenses.
Os Estados Unidos, embora tenham admitido terem sido informados sobre o ataque contra o Irã, alegam que não estavam envolvidos.
"Por enquanto, o Irã não quis ser arrastado para um conflito militar direto com os EUA, o que seria uma empreitada extremamente arriscada", pontua Mahmoudian. "Mas há uma diferença entre o mero apoio dos EUA a Israel e o envolvimento ativo em uma guerra contra o Irã."
Para destruir completamente as instalações nucleares iranianas, Israel precisaria de armas mais avançadas que apenas os EUA detém.
Num cenário desses, a retaliação iraniana provavelmente miraria também instalações americanas na região, o que desestabilizaria ainda mais a já tensa situação no Oriente Médio.
ra (DW)
Especialista vê motivação política de Israel
Especialista em Oriente Médio e editor da revista Zenith, o alemão Daniel Gerlach vê no ataque israelense ao programa nuclear do Irã também um cálculo político de Benjamin Netanyahu.
Segundo ele, a ação, além de seguir objetivos de segurança ao neutralizar potenciais ameaças, pode ser uma estratégia do primeiro-ministro israelense para reagrupar parte do apoio do Ocidente perdido em função do desgaste com a guerra na Faixa de Gaza.
"Para Netanyahu, ele pode estar seguro que, no momento que ele escalar a guerra com o Irã, uma massa crítica de aliados do Ocidente que estava prestes a se distanciar das políticas dele o apoiarão, e também serão forçados a, de alguma forma, assumir um lado claro – e isso é um jogo político", disse Gerlach à DW.
ra (DW)
Conselho de Segurança da ONU deve se reunir ainda nesta sexta-feira
O Conselho de Segurança das Nações Unidas vai se reunir ainda nesta sexta-feira (13/06) para tratar do ataque de Israel contra o Irã, disseram diplomatas à agência de notícias Reuters.
O ministro do Exterior iraniano, Abbas Araghchi, pediu a reunião em uma carta endereçada ao conselho formado por 15 países, argumentando que Israel "agora cruzou todas as linhas vermelhas", e que "a comunidade internacional não deve permitir que esses crimes fiquem impunes".
"O Irã reafirma seu direito inerente à autodefesa conforme previsto no Artigo 51 da Carta das Nações Unidas, e responderá decisiva e proporcionalmente a esses atos ilegais e covardes", escreveu Araghchi.
O líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, disse que Israel sofrerá um destino "amargo e doloroso".
Israel afirma ter atingido mais de 100 alvos no Irã ao longo da madrugada. Novos ataques foram realizados ao longo dia. Ao menos seis cientistas nucleares e quatro membros do alto escalão da Guarda Revolucionária iraniana foram mortos em ataques a prédios residenciais da capital, Teerã.
O Irã chamou os ataques de "declaração de guerra".
ra (Reuters, AP, DW)
EUA reposicionam militares no Oriente Médio para se antecipar a possível ataque iraniano
Os Estados Unidos estão redirecionando recursos militares no Oriente Médio, inclusive navios, numa medida de precaução contra possíveis ataques retaliatórios vindos do Irã, informou a agência de notícias Associated Press, citando fontes anônimas da Casa Branca.
A Marinha americana instruiu o destróier USS Thomas Hudner a rumar para o Mediterrâneo Oriental, e ordenou a outro destróier que avance, para que esteja à disposição do Pentágono.
O Hudner é um contratorpedeiro de mísseis guiados capaz de neutralizar mísseis balísticos.
Geralmente os EUA mantêm 30 mil soldados no Oriente Médio. Esse número, porém, subiu para 43 mil em outubro de 2024, em meio às tensões crescentes entre Israel e Irã e ataques contínuos a navios comerciais e militares no Mar Vermelho por rebeldes da milícia houthi, do Iêmen.
O Irã avisou aos Estados Unidos que responsabilizaria o país em caso de ataque israelense. A advertência foi dada pelo ministro iraniano do Exterior, Abbas Araghchi, mesmo quando os dois países já dialogavam sobre um possível acordo nuclear.
ra (AP)
Trump adverte Irã sobre novos ataques e pressiona por acordo nuclear
O presidente Donald Trump aconselhou o Irã a selar um acordo nuclear com os Estados Unidos "antes que não sobre nada", advertindo para novos ataques "ainda mais brutais" já planejados por Israel.
"Todos eles estão MORTOS agora, e só vai piorar", postou o americano na rede social Truth Social, acrescentando que Israel tem acesso a uma quantidade significativa de armamentos americanos, os "melhores e mais letais que em qualquer outro lugar do mundo".
"Sem mais morte, sem mais destruição. APENAS FAÇAM [selem o acordo com os EUA], ANTES QUE SEJA TARDE DEMAIS", escreveu.
Horas antes, Trump admitiu ter sido informado de que os ataques ocorreriam, mas representantes da Casa Branca insistem que o governo americano não foi envolvido.
ra (DW)
Israel fecha embaixadas e consulados
Israel fechou temporariamente suas embaixadas e consulados pelo mundo após bombardear o Irã.
Na internet, o Ministério de Relações Exteriores aconselhou israelenses no exterior a evitar ostentar símbolos judaicos ou israelenses em público.
Não há informações sobre quando as representações diplomáticas serão reabertas.
Na Alemanha, o chanceler federal, Friedrich Merz, anunciou que o governo estava intensificando o esquema de segurança em endereços judaicos e israelenses.
ra (reuters)
ONU alerta para risco de liberações radioativas na região
O diretor da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Rafael Mariano Grossi, considerou o ataque de Israel "profundamente preocupante", apontando risco de "liberações radioativas com graves consequências" para a população e o meio ambiente dentro e fora do Irã. A agência é ligada à Organização das Nações Unidas (ONU).
"Ataques como este têm sérias implicações para a segurança nuclear, a proteção e as salvaguardas, bem como para a paz e a segurança regionais e internacionais", disse ele em nota. "Peço a todas as partes que exerçam o máximo de contenção para evitar uma nova escalada."
Segundo Grossi, o bombardeio produziu "sérios danos" nas instalações nucleares de Natanz, no Irã. Já a usina de enriquecimento de urânio de Fordow, a cerca de 150 quilômetros de Teerã, não foi afetada.
Por sua vez, o secretário-geral da ONU, António Guterres, expressou particular preocupação com o estado das negociações entre Irã e Estados Unidos.
ht (Lusa)
Antes do ataque, Irã desafiou exigências de órgão da ONU para controle de armas nucleares
Um dia antes de ser atacado por Israel, o Irã afirmou que construiria e ativaria uma terceira instalação de enriquecimento nuclear, aumentando significativamente sua produção de urânio enriquecido e desafiando exigências dos EUA e da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).
A agência da ONU havia censurado o país por não cumprir obrigações de não proliferação destinadas a impedir o desenvolvimento de armas nucleares, em votação secreta referendada por 19 países.
A resolução foi apresentada por França, Reino Unido, Alemanha e EUA. Rússia, China e Burkina Faso votaram contra, enquanto 11 países se abstiveram e dois não votaram.
O texto exigia que o Irã fornecesse respostas "sem demora" sobre traços de urânio encontrados em diversos locais que Teerã não declarou como instalações nucleares, segundo a agência de notícias AP.
Pelo Tratado de Não Proliferação nuclear, o Irã é obrigado a declarar todo material e atividade nuclear que possui e permitir que inspetores da ONU verifiquem se as atividades têm fins pacíficos.
Atualmente, o país enriquece urânio a 60%, muito acima do limite de 3,67% acordado em 2015 com potências ocidentais e próximo, embora ainda aquém, dos 90% necessários para uma ogiva nuclear.
ra (afp, ap, dpa)
EUA negam envolvimento em ataque, mas retiraram funcionários do Oriente Médio
Especialistas afirmam que o ataque desta sexta-feira não seria possível sem o aval dos Estados Unidos, maior aliado de Israel. Oficialmente, o chefe da diplomacia americana, Marco Rubio, nega envolvimento da Casa Branca no bombardeio israelense.
Um dia antes, porém, o presidente americano Donald Trump anunciou a retirada de funcionários do Oriente Médio alegando riscos à segurança, após a agência de notícias Reuters noticiar preparativos para a evacuação parcial da embaixada no Iraque. O Departamento de Estado (equivalente americano ao Ministério do Exterior) também teria autorizado saídas voluntárias do Bahrain e do Kuwait, segundo a Reuters.
Os EUA têm presença militar no Oriente Médio, com bases no Iraque, Kuwait, Catar, Bahrein e Emirados Árabes Unidos.
ra (DW, reuters)
Ataque põe em xeque futuro das negociações com os EUA sobre acordo nuclear
Com o ataque contra o Irã na madrugada desta sexta-feira, Israel quis aproveitar uma "janela de oportunidade" aberta pela fragilização dos sistemas de defesa aérea iranianos após uma sequência de bombardeios israelenses em outubro do ano passado, afirma a correspondente da DW em Jerusalém, Tania Kraemer.
"Eles [Israel] tinham uma janela de oportunidade, somada à preocupação com o programa nuclear [iraniano]. Havia expectativa de que isso aconteceria, mas as negociações nucleares entre os EUA e Israel ainda estavam em andamento", disse Kraemer.
Uma nova rodada está marcada para o domingo (15/06), mas agora já não se sabe se a conversa será mantida.
ra (DW)
Seis cientistas nucleares iranianos foram mortos
Ao menos seis cientistas nucleares do Irã foram mortos no ataque de Israel desta madrugada, segundo a imprensa local.
A agência de notícias estatal iraniana Tasnim listou os mortos como sendo: Abdolhamid Minouchehr, Ahmadreza Zolfaghari, Amirhossein Feqhi, Motalleblizadeh, Mohammad Mehdi Tehranchi e Fereydoun Abbasi.
Tehranchi era presidente da Universidade Islâmica Azad do Irã, e Abbasi é ex-chefe da Organização de Energia Atômica do Irã, segundo a agência de notícias AFP.
ra (AFP).