O Irã anunciou nesta sexta-feira que confiscou um petroleiro britânico no Estreito de Ormuz por “não respeitar o código marítimo internacional”, em um novo episódio da escalada de tensões na região.

Já o Reino Unido garantiu que as autoridades iranianas haviam capturado dois barcos no Golfo. O ministro britânico das Relações Exteriores, Jeremy Hunt, disse estar “profundamente preocupado” por estes incidentes que classificou como “inaceitáveis”.

Tratam-se de um navio britânico e outro de “bandeira da Libéria”, disse Hunt. O Irã por sua vez só falou de uma embarcação.

Os Estados Unidos denunciaram uma “escalada de violência”, neste estreito por onde transitam um terço do petróleo mundial enviado por via marítima.

O proprietário britânico do segundo petroleiro capturado, o “Mesdar”, com a bandeira da Libéria, divulgou que a embarcação já tinha sido liberada, após ter sido abordado temporariamente por pessoas armadas.

“A comunicação com o navio foi restabelecida e [o capitão] confirmou que os guardas armados saíram e [o capitão] confirmou que o navio está livre para continuar a viagem. Toda a tripulação está segura e bem “, informou a empresa britânica Norbulk Shipping em um comunicado.

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– “A promessa do guia” –

O petroleiro “Stena Impero” foi abordado na sexta-feira pela força naval iraniana Guardiães da Revolução por “não respeitar o código marítimo internacional”, destacou o exército ideológico do regime iraniano através de um comunicado divulgado no Sepahnews, seu portal na internet.

O navio foi levado “para a costa depois de sua captura e entregue à Autoridade para procedimento legal e investigação”, acrescentaram os Guardiões nesta breve declaração.

O anúncio da apreensão do “Stena Impero” veio apenas algumas horas após o Supremo Tribunal de Gibraltar ter decidido prorrogar a detenção do petroleiro iraniano “Grace 1” por 30 dias.

O navio foi parado em 14 de julho pelas autoridades de Gibraltar, um enclave britânico localizado no extremo sul da Espanha, por suspeita de querer entregar petróleo à Síria, violando as sanções impostas pela União Europeia contra Damasco.

Teerã negou esta acusação e denunciou um ato de “pirataria”.

Na terça-feira, o líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, disse que o Irã não deixaria “esta maldade sem resposta”.

A agência de notícias Isna publicou na rede social Telegram um vídeo e as declarações de Khamenei com este comentário: “A promessa do guia da Revolução foi feita hoje”.

– “Escalada da violência” –

Os Guardiões haviam apreendido outro “navio-tanque estrangeiro” na quinta-feira, que se acreditava ser a embarcação de bandeira do Panamá Riah e sua tripulação.

O sueco proprietário do “Stena Impero” confiscado nesta sexta-feira confirmou ter perdido contato com o navio após um “ataque” no Estreito de Ormuz.


Em Washington, o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, Garrett Marquis, denunciou uma “escalada violenta do regime iraniano”.

Os Estados Unidos foram “informados” sobre os acontecimentos e “trabalhará com Reino Unido” sobre este tema, garantiu o presidente americano, Donald Trump.

Pouco antes de conhecer este novo incidente, Trump reiterou, contra as negações de Teerã, que seus militares teriam derrubado um drone iraniano que ameaçava uma embarcação de seu país no estreito de Ormuz.

Os Estados Unidos denunciaram uma “escalada de violência” neste estreito, através da qual um terço do petróleo mundial enviado por mar transita, e a Arábia Saudita anunciou que, pela primeira vez desde 2003, as forças americanas acuparão posições em seu território.

“O rei […] Salman aprovou o acolhimento de forças americanas para aumentar o nível mútuo de cooperação para preservar a segurança da região e sua estabilidade e garantir a paz”, disse um porta-voz do Ministério da Defesa da Arábia Saudita, citado pela agência estatal SPA.

A Arábia Saudita não recebe soldados dos EUA desde 2003, após o fim da guerra contra o Iraque.

A presença de forças americanas na Arábia Saudita “terá um efeito dissuasivo suplementar e reforçará nossa capacidade para defender nossas tropas e nossos interesses na região diante de ameaças emergentes e críveis”, avaliou o Comando Central dos Estados Unidos, acrescentando que há “patrulhas” vigiando o estreito de Ormuz.

As tensões entre o Irã e os Estados Unidos ressurgiram fortemente desde 2018, após Trump retirar o país do acordo internacional para controlar o programa nuclear iraniano, por considerá-lo demasiado favorável com Teerã, e reintroduziu as sanções.

Washington reforçou sua presença militar no Golfo, após acusar o Irã de estar por trás de atos de sabotagem contra quatro navios petroleiros perto do estreito de Ormuz em maio passado, e de dois ataques de origem desconhecido em junho contra dois petroleiros – um japonês e outro norueguês – ao longo da costa iraniana no Golfo de Omã. Teerã nega essas acusações


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