A justiça iraniana condenou à morte nesta terça-feira (30) Ruhollah Zam, uma figura da oposição que morou na França, e confirmou a pena de cinco anos de prisão para a pesquisadora franco-iraniana Fariba Adelkhah.

O opositor Rouhollah Zam, de 41 anos, é acusado de ter desempenhado um papel ativo nas manifestações contra o poder em 2017-2018 no Irã.

A Guarda Revolucionária anunciou sua prisão em outubro de 2019 sem especificar o local e data, acusando-o de ser “comandado pelos serviços de inteligência franceses e apoiado pelos dos Estados Unidos” e Israel.

Zam viajou para o Irã em 2019, vindo de seu exílio na França, onde administrou um canal na plataforma de mensagens criptografadas Telegram, denominada Amadnews.

“O tribunal considerou que as 13 acusações equivalem a uma acusação de ‘corrupção na terra’ e, portanto, decidiu a sentença de morte”, afirmou o porta-voz Gholamhossein Esmaili, citado pelo site do judiciário.

A decisão pode ser recorrida no Supremo Tribunal.

A “corrupção na terra” é uma das acusações mais graves previstas no código penal iraniano.

No início do julgamento a portas fechadas, em fevereiro, Zam foi acusado de atentar contra “a segurança interna e externa do país”, de “espionagem a favor do serviço de inteligência francês” e de insultar “o caráter sagrado do Islã”.

A organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF), que trabalha pela liberdade de imprensa, pediu a “anulação do julgamento desumano e inaceitável”.

As ONGs pedem frequentemente a libertação dos que considera “presos políticos” e de “consciência”, mas Teerã nega as acusações.

– “Conspiração”, “propaganda” –

O porta-voz da Justiça também anunciou a confirmação da condenação a cinco anos de prisão da pesquisadora Fariba Adelkhah, presa em junho de 2019.

A antropóloga foi condenada em maio a cinco anos de prisão por “conspiração com o objetivo de atacar contra a segurança nacional” e um ano por “propaganda contra o sistema” político do Irã, mas deve cumprir apenas a sentença mais longa.

A “propaganda contra o sistema” refere-se às declarações da pesquisadora sobre a obrigação de usar véu no Irã.

A França condenou a decisão “política” e pediu a libertação “imediata” de Adelkhah e a concessão de “acesso consular”, mas o Irã não reconhece a dupla nacionalidade.

Sua libertação teria sido em troca da de um engenheiro iraniano, preso na França e ameaçado de extradição para os Estados Unidos.

As prisões de estrangeiros no Irã, especialmente a de binacionais que são frequentemente acusados de espionagem, se multiplicaram desde a retirada unilateral em 2018 dos Estados Unidos do acordo internacional sobre o programa nuclear iraniano e o restabelecimento de sanções contra Teerã.