Irã comemora aniversário da tomada da embaixada dos EUA na véspera de sanções

Irã comemora aniversário da tomada da embaixada dos EUA na véspera de sanções

Milhares de iranianos manifestaram neste domingo (4) para comemorar a tomada da embaixada dos Estados Unidos durante a Revolução Islâmica de 1979, num contexto de fortes tensões com Washington, na véspera do restabelecimento de uma nova rodada de sanções econômicas contra Teerã.

Esta celebração anual relembra o início da ocupação da embaixada durante 444 dias por estudantes islamitas, que fizeram mais de 50 diplomatas americanos reféns. Essa crise causou a ruptura das relações diplomáticas entre os dois países.

As tradicionais palavras de ordem contra os Estados Unidos e a queima de bandeiras se somaram este ano a outros atos de desafio, na véspera de uma segunda onda de sanções: os manifestantes exibiram cartazes zombando do atual presidente americano, Donald Trump, e pisaram e queimaram dólares falsos.

A “guerra econômica” de Washington é uma nova tentativa de derrubar a República Islâmica”, declarou durante o evento o comandante da Guarda Revolucionária, o exército de elite do regime, Ali Jafari.

“Com a ajuda de Deus, da Resistência e com a determinação do povo (…), esta última arma brandida pelo inimigo – a guerra econômica – será derrotada”, acrescentou.

“Não ameace o Irã”, lançou a Trump. Desde a sua chegada à Casa Branca, em janeiro de 2017, o republicano transformou o Irã em seu maior inimigo.

Ele retirou unilateralmente seu país do acordo nuclear assinado em 2015 entre o Irã e as grandes potências e restaurou uma primeira série de sanções.

E o segundo bloco de medidas entrará em vigor apesar de vários protestos de dirigentes iranianos, de aliados europeus de Washington, assim como de China e Rússia. Trata-se de sancionar entidades ou empresas estrangeiras que continuarem comprando petróleo iraniano ou se relacionando com os bancos da república islâmica, impedindo o acesso ao mercado americano.

Washington não esconde a sua intenção de reproduzir a estratégia utilizada com a Coreia do Norte, pois seu líder, Kim Jing Un, se comprometeu com a “desnuclearização” depois de uma reunião histórica com Trump, cujo contexto era uma escalada verbal e o reforço das sanções internacionais.

O presidente republicano repete que está disposto a se reunir com dirigentes iranianos.

Desde 24 de outubro, o Departamento de Estado americano publica no Twitter as 12 condições de Washington para um “acordo global” com o Irã.

Entre elas destacam-se restrições mais firmes e duradouras sobre o programa nuclear, assim como o fim da proliferação de mísseis balísticos e de atividades consideradas “desestabilizadoras” de Teerã em países vizinhos.

Para obrigá-lo a cumprir as suas condições, o governo americano pretende impor as sanções “mais fortes da história”, pois são esperadas novas medidas punitivas nos próximos meses.