O Irã iniciou o processo de enriquecimento de urânio usando as centrífugas avançadas que acabou de instalar, uma nova etapa do descumprimento do acordo de 2015 sobre seu programa nuclear, informou nesta quinta-feira a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).

De acordo com um relatório da AIEA, órgão da ONU encarregado de monitorar o cumprimento deste contrato, as centrífugas avançadas instaladas na central de Natanz “estão ativas ou já foram preparadas para realizar o enriquecimento de urânio”.

As centrífugas “que estão em processo de acumulação de urânio enriquecido”, ou prestes a fazê-lo, são vinte modelos do tipo IR-4 e duas “cascatas”, totalizando 30 modelos do tipo IR-6, especifica o relatório consultado pela AFP.

O acordo de 2015 sobre o programa nuclear do Irã autoriza Teerã a produzir urânio enriquecido apenas com centrífugas de primeira geração (IR-1). A instalação de centrífugas em cascata acelera o processo de enriquecimento.

O Irã anunciou em 7 de setembro que havia ligado essas centrífugas avançadas para aumentar seu estoque de urânio enriquecido, que desde julho excede o limite (300 kg) estabelecido pelo acordo de Viena.

Esse pacto, assinado entre Teerã e as principais potências – incluindo os Estados Unidos – está em risco desde que o presidente americano, Donald Trump, o denunciou em maio de 2018 e decidiu pela retirada de seu país.

Desde então, Washington restabeleceu as sanções econômicas contra Teerã, em nome de uma política de “pressão máxima”, destinada a forçar a República Islâmica a negociar um novo acordo.

O restabelecimento das sanções dos EUA priva o Irã dos benefícios econômicos que esperava do acordo.

Este texto prevê o levantamento de parte das sanções internacionais contra o Irã em troca de uma limitação drástica de seu programa nuclear para garantir que o país não adquira a arma atômica.

Ao reduzir gradualmente seus compromissos, Teerã – que sempre negou querer fabricar a bomba nuclear – pretende pressionar os outros Estados partes no acordo (europeus, Rússia e China) para ajudá-lo a contornar as sanções americanas.

Desde maio, Teerã aumentou seus estoques de urânio enriquecido além do limite estabelecido no contrato e agora enriquece esse minério a 4,5%, acima do teto (3,67%), mas muito longe o limiar necessário para uso militar.