TEL AVIV, 13 ABR (ANSA) – O governo do Irã anunciou nesta terça-feira (13) que iniciou o processo para enriquecer urânio a 60% de pureza, se aproximando dos 90% necessários para construir armas nucleares, na usina de Natanz.   

A decisão foi revelada pelo vice-ministro das Relações Exteriores, Abbas Araghchi, após um ataque ao principal complexo nuclear do país, em Natanz. Em comunicado, ele afirma que já informou a medida para a Agência Internacional de Energia Atômica (Aiea) em carta.   

“A partir desta noite, os preparativos práticos para o enriquecimento de 60% começarão em Natanz”, declarou o porta-voz da agência nuclear iraniana Behrouz Kamalvandi, segundo a agência de notícias Fars. “Urânio enriquecido a 60% é usado para fazer uma variedade de radiofármacos”.   

O anúncio é feito no momento em que ocorre negociações em Viena para o Irã voltar a respeitar o acordo nuclear de 2015, que inclui o Reino Unido, a França, Alemanha, Rússia e China e discute a possibilidade de um retorno dos Estados Unidos, já que o ex-presidente Donald Trump deixou o pacto em 2018.   

O acordo de 2015 prevê um limite de 3,67% para o enriquecimento de urânio no Irã e o uso somente de centrífugas IR-1 de primeira geração. Desde janeiro passado, no entanto, o governo iraniano iniciou o enriquecimento de 20% na fábrica de Fordow, perto de Qom.   

No último sábado (10), o Irã já havia revelado ter iniciado uma nova cadeia de 164 centrífugas IR-6 na planta de enriquecimento de urânio em Natanz e começado experimentar centrífugas IR-9 que devem enriquecer urânio 50 vezes mais rápido que as da primeira geração.   

Um dia depois, Teerã afirmou ter sido alvo de “terrorismo antinuclear” e atribuiu uma pequena explosão na usina a uma “sabotagem” provocada por Israel, segundo o ministro das Relações Exteriores iraniano, Mohamamad Javad Zarif.   

“O que eles fizeram em Natanz, eles pensaram que seria uma desvantagem para o Irã. Garanto que em um futuro próximo Natanz vai mudar para centrífugas mais sofisticadas. Os israelenses fizeram uma aposta ruim”, disse.   

Israel, por sua vez, não assumiu a responsabilidade do ataque, mas a imprensa israelense relatou que o apagão ocorreu em decorrência de um ciberataque realizado pela nação.   

Já o premiê de Israel, Benjamin Netanyahu, deixou claro que não permitirá que o Irã construa armas nucleares.   

Ataque navio – Em meio à crescente tensão entre os dois países, um navio israelense foi atacado na costa de Al Fujaira, no Golfo, informou a imprensa de Israel, citando fontes árabes.   

A embarcação, chamada “Hyperion”, é propriedade da empresa “Pcc” e teria sido atingida por um míssil. De acordo com o canal de TV iraniano “al Alam”, o dispositivo provocou pequenos danos.   

A suspeita é de que o ataque tenha sido realizado por um drone.   

(ANSA)