O ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araqchi, afirmou nesta quarta-feira (16) que a questão do enriquecimento de urânio “não é negociável” para Teerã, depois que o emissário dos Estados Unidos, Steve Witkoff, pediu o fim do processo, visando um acordo entre Washington e Teerã.
“Estamos dispostos a desenvolver a confiança em resposta a preocupações potenciais (sobre o programa nuclear), mas a questão do enriquecimento não é negociável”, declarou Araqchi à imprensa após uma reunião do conselho de ministros.
A declaração acontece antes da segunda rodada de conversações entre Irã e Estados Unidos em Omã, no sábado (19), com a mediação de representantes do sultanato. No fim de semana passado, representantes dos países participaram de uma primeira série de negociações de alto escalão.
O enviado do presidente Donald Trump pediu a Teerã na terça-feira que interrompa o enriquecimento urânio como parte de qualquer acordo.
“Qualquer acordo final deve estabelecer um quadro para a paz, a estabilidade e a prosperidade no Oriente Médio, o que significa que o Irã deve interromper e eliminar o seu programa de enriquecimento nuclear e armamento”, afirmou Witkoff na rede social X.
Um dia antes, o enviado americano pareceu indicar o contrário, quando se absteve de exigir o desmantelamento total do programa nuclear iraniano em uma entrevista ao canal Fox News.
“Nós ouvimos posições contraditórias” por parte das autoridades americanas, disse Araqchi.
O líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, expressou na terça-feira sua satisfação com as recentes conversas com os Estados Unidos, mas também enfatizou sua desconfiança a respeito dos interlocutores.
Estados Unidos e outros países ocidentais suspeitam que o Irã deseje desenvolver armas nucleares. Teerã nega as acusações e defende o uso nuclear para fins civis, principalmente para energia.
Em 2015, o Irã assinou um acordo com os membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU (China, Rússia, Estados Unidos, França e Reino Unido) e a Alemanha para a supervisão de suas atividades nucleares.
Mas em 2018, Trump retirou seu país do acordo durante seu primeiro mandato e retomou as sanções contra Teerã, que então começou a se desvincular dos compromissos assumidos no acordo.
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