DUBAI (Reuters) – O Irã enfrentou mais críticas internacionais nesta segunda-feira pela morte de uma mulher sob custódia policial, caso que desencadeou protestos em todo o país, depois que Teerã acusou os Estados Unidos de usar os distúrbios para tentar desestabilizar o país.
O Irã reprimiu as maiores manifestações desde 2019, provocadas pela morte da jovem curda Mahsa Amini, de 22 anos, em 16 de setembro, depois que ela foi detida pela polícia moral, que aplica as rígidas restrições da República Islâmica ao vestuário feminino. O caso gerou ampla condenação.
Mas as medidas não impediram os iranianos de pedirem a queda do líder supremo aiatolá Ali Khamenei e do resto do establishment clerical.
O Canadá vai impor sanções aos responsáveis pela morte de Amini, incluindo à unidade de polícia moral do Irã e sua liderança, disse o primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, nesta segunda-feira.
“Vimos o Irã desrespeitar os direitos humanos várias vezes, agora vemos isso com a morte de Mahsa Amini e a repressão aos protestos”, disse Trudeau a repórteres em Ottawa.
A conta ativista 1500tasvir no Twitter postou vídeos que mostravam protestos de rua na noite de segunda-feira em diferentes partes de Teerã, e imagens em que os moradores podiam ser ouvidos gritando “Morte ao ditador” e “Morte a Khamenei” de suas casas. A Reuters não conseguiu verificar a veracidade dos vídeos.
As mulheres têm desempenhado um papel de destaque nos protestos, acenando e queimando seus véus.
O grupo de direitos humanos Hengaw postou um vídeo no Twitter que mostra manifestantes se reunindo em Sanandaj, capital da província do Curdistão, com mulheres aplaudindo e tirando seus lenços para protestar contra o uso forçado do hijab.
O Irã disse que os Estados Unidos estão apoiando manifestantes e buscando desestabilizar a República Islâmica.
“Washington está sempre tentando enfraquecer a estabilidade e a segurança do Irã, embora não tenha tido sucesso”, disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Irã, Nasser Kanaani, ao Nour News, que é afiliado a um órgão de segurança superior, em um comunicado.
Em sua página no Instagram, Kanaani acusou os líderes dos Estados Unidos e de alguns países europeus de abusar de um trágico incidente em apoio a “manifestantes” e de ignorar “a presença de milhões de pessoas nas ruas e praças do país em apoio ao sistema”.
(Reportagem da Redação de Dubai)