O Irã, que em 11 de fevereiro celebra o 40º aniversário de sua Revolução Islâmica, afirma-se como o grande rival xiita da Arábia Saudita, um país sunita e outro peso-pesado regional.

– Da dinastia à Revolução

Herdeiro do Império Persa, uma monarquia governada por um xá, ou imperador, o Irã foi dominado pela dinastia Pahlavi por mais de 50 anos.

Em 1925, Reza Khan, proclamado novo xá do Irã, adota o nome Pahlavi. Em 1941, é forçado a abdicar em favor de seu filho Mohamad Reza.

Em 1953, o primeiro-ministro, o nacionalista Mohamad Mosaddeq, que havia nacionalizado o petróleo iraniano, controlado pelos britânicos, é derrubado em um golpe de Estado orquestrado por Washington e Londres.

O aiatolá Ruhollah Khomeini assume em 1963 a liderança da revolta contra as reformas modernistas do xá. Mohamed Reza ordena sua expulsão um ano depois, acusando-o de uma tentativa de ataque.

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Em janeiro de 1978, começam as manifestações hostis ao governo e ao monarca, acompanhadas de greves. Na segunda metade do ano, os protestos se amplificam.

Em 16 de janeiro de 1979, o xá foge. Em 1º de fevereiro, Khomeini retorna a Teerã após quase 15 anos no exílio.

Em 1º de abril, a República Islâmica é proclamada.

Em setembro de 1980, o Iraque de Saddam Hussein declara uma guerra ao Irã que vai durar oito anos e deixará um milhão de mortos entre os dois países.

– Guia supremo

A Constituição concede a maior parte do poder ao guia supremo, que atualmente é o aiatolá Ali Khamenei, que sucedeu a Khomeini, falecido em 1989.

A Assembleia de Especialitas é o órgão encarregado de nomear, supervisionar e, se necessário, destituir o guia supremo.

Eleito por sufrágio universal, o presidente nomeia o governo. Hassan Rohani foi eleito em 2013 e reeleito em 2017.

Os poderes do Parlamento são limitados em relação a outras instituições, como o Conselho dos Guardiães da Constituição, composto em parte por religiosos designados pelo líder supremo.

A Guarda Revolucionária constitui o exército de elite do Irã.


– Grande rival de Riad

O Irã é o grande rival regional da Arábia Saudita, peso-pesado da Liga Árabe. Os dois poderes apoiam lados diferentes em vários conflitos regionais.

Desde o início da guerra na Síria em 2011, Teerã, auxiliado pelo movimento xiita libanês Hezbollah, é o principal apoio regional militar e financeiro do regime de Bashar al-Assad, que pertence à minoria alauíta, um ramo do xiismo.

A Arábia Saudita, um país sunita, apoia os rebeldes.

Riad acusa o Irã de apoiar militarmente os rebeldes huthis, no Iêmen, algo que Teerã nega.

– Acordo nuclear

Em 2015, o Irã e as grandes potências chegaram a um acordo sobre o programa nuclear iraniano, uma questão que vem envenenando as relações internacionais há mais de 12 anos.

O acordo visa a garantir a natureza civil do programa nuclear iraniano em troca de uma retirada progressiva das sanções internacionais.

Em maio de 2018, porém, os Estados Unidos, que consideram a República Islâmica seu inimigo número um, retiram-se do acordo, por desagrado de Donald Trump, e restabelecem as sanções econômicas.

– Marasmo

Membro fundador da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), o Irã possui as segundas maiores reservas de gás do mundo e de petróleo. Mas a economia do país ainda é marcada por alta inflação e desemprego. A restauração das sanções dos Estados Unidos contra os setores petrolífero e financeiro agravou a situação do país, cuja moeda, o rial, afundou.

– Xiismo, religião de Estado


O Islã xiita é a religião do Estado no Irã, um país de mais de 80 milhões de habitantes, 90% dos quais são xiitas.

A Constituição prevê que os sunitas (cerca de 10% da população) “são livres para cumprir seus ritos religiosos de acordo com sua jurisprudência religiosa”.

– História milenar

O país conta com muitos lugares registrados na lista do patrimônio cultural mundial da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Entre eles estão as antigas capitais Isfahan (centro), Shiraz (sul) e a imponente capital do Império Aquemênida fundado em 550 a.C., Persépolis.


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