O Indicador Ipea de Produção Industrial aponta crescimento de 1,7% em novembro ante outubro, mas isso será insuficiente para reverter a tendência de queda na atividade econômica no quarto trimestre. Segundo a Carta de Conjuntura número 33 do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), mesmo que a produção industrial medida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) cresça em novembro, não será suficiente para anular o carregamento de -2% no quarto trimestre, deixado pela queda de outubro (-1,1% ante setembro).

“Uma alta de um mês, de forma alguma, pode ser vista como mudança de tendência”, disse o coordenador do Grupo de Estudos de Conjuntura do Ipea, José Ronaldo de Castro Souza Jr.

Segundo o pesquisador, o Indicador Ipea de Produção Industrial é construído a partir de dados coincidentes como o movimento nas rodovias, a produção de papelão (que indica o consumo de embalagens pela indústria), a produção de veículos e de aço, entre outros.

O sinal da atividade como um todo é negativo, disse Souza Jr. O pesquisador lembrou que o Indicador de FBCF do Ipea, que mede os investimentos no Produto Interno Bruto (PIB), caiu 2,6% em outubro ante setembro.

A Carta de Conjuntura, assinada por Leonardo Mello de Carvalho, técnico de Planejamento e Pesquisa da Diretoria de Estudos e Políticas Macroeconômicas (Dimac) do Ipea, destaca que um crescimento na produção industrial em novembro repete o padrão de outras crises.

“Essa melhora no desempenho da indústria, impulsionada pelas exportações, já era esperada na medida em que repetiu um padrão similar a outros momentos de crise, especialmente àqueles onde ocorreu deterioração da demanda interna e depreciação cambial”, diz o texto.

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Um dos motivos para a trajetória da indústria não bastar para levantar o PIB como um todo é que o impulso das exportações fica limitado pelo fato de a economia brasileira ser “ainda relativamente fechada”, diz o técnico do Ipea.

Com a atividade ainda em queda no quarto trimestre, Souza Jr. estima que uma recuperação mais consistente, com saída da recessão, ficará para o meio de 2017. Por outro lado, uma recuperação da confiança com a aprovação de reformas, como o limite ao crescimento dos gastos públicos e as mudanças na Previdência, pode levar a um crescimento mais rápido do que se espera em 2018.

“Quando a queda do PIB está muito grande, as pessoas subestimam a capacidade de recuperação”, disse Souza Jr. As condições para uma recuperação mais rápida se dariam pela elevada ociosidade na economia, com o nível da utilização da capacidade instalada (Nuci) da indústria nas mínimas históricas e o desemprego em alta. Além disso, quando a economia volta a crescer, a produtividade cresce junto, lembrou o coordenador do Ipea.


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