A queda de 0,07% no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – 15 (IPCA-15) de julho reforça os bons sinais do processo de desinflação, avalia o economista do Rabobank Renan Alves. O recuo foi mais intenso do que a mediana das estimativas colhidas pelo Projeções Broadcast, que apontava queda de 0,03%. O intervalo das estimativas ia de queda de 0,40% a avanço de 0,09%.

Para Alves, os destaques dessas leituras foram a desaceleração nos serviços (0,56% para 0,36%), a deflação nos bens industriais (-0,08% para -0,55%), sob influência do programa do governo federal de desconto aos automóveis, a deflação de habitação (0,96% para -0,94%), puxada pela energia elétrica, devido ao crédito do Itaipu e a nova queda em Alimentação (0,51% para -0,40%).

“Temos visto esses bons sinais de desinflação, mas à frente, alguns vetores podem preocupar, como o El Niño, que pode afetar a inflação de alimentos. Além disso, o preço internacional do petróleo não está caindo como antes, então não devemos ter essa ajuda no segundo semestre”, avalia. Por isso, a estimativa do Rabobank para o IPCA ao final do ano está mantida em 5,1%.

Alves também destaca que esses riscos à frente fazem com que o prospecto do banco seja de cortes na Selic em agosto, mas de 0,25 ponto porcentual. “A inflação corrente é importante, mas temos olhado para as expectativas de inflação no horizonte relevante. Tanto 2024 como 2025, pelo boletim Focus, estão distante do centro da meta”, salienta.