Nomeado no começo do ano como campeão do clima para a COP30, o empresário Dan Ioschpe destacou o progresso do Brasil nas negociações para ampliar o financiamento climático global e o fundo para a manutenção de florestas tropicais. O executivo, no entanto, adota uma postura cautelosa e evita cravar o atingimento das metas financeiras.
O Brasil lidera as negociações para alavancar o valor do financiamento climático mundial, além de emplacar um novo investimento para florestas tropicais. Ambos os temas são tratados como prioridades pela presidência da COP30.
Para o financiamento de florestas, o governo federal espera o aporte de US$ 125 bilhões tanto da iniciativa privada como de governos de países desenvolvidos. Ioschpe aposta na participação de empresas para substanciar o financiamento, reduzir os índices de desmatamento e emplacar novas áreas florestais no Brasil.
“Penso que não precisamos de negociação entre os países para esse tipo de tema [da ação climática]. Por exemplo, o TFFF é um fundo que deverá captar mais de US$ 100 bilhões tanto da iniciativa pública quanto da privada. Haverá uma participação enorme do setor financeiro, de investidores, que viabilizarão a manutenção das florestas”, afirmou, em entrevista à ISTOÉ.
O Brasil tem avançado nas negociações com outros países para o aporte no Fundo Florestas Tropicais Para Sempre (TFFF) e um acordo deve ser viabilizado até a COP30, marcada para novembro em Belém (PA). Ioschpe, todavia, é cauteloso com as chances do aporte total e acredita que haverá um pagamento em parcelas para abastecer o fundo.
“A ideia é chegar a US$ 125 bilhões, mas óbvio que teremos parcelas, tentaremos iniciar com isso ainda neste ano. Não sei se chegaremos tão longe neste ano, mas haverá um grande aporte e se espera financiadores tanto privados como públicos”, ressaltou.
O governo brasileiro também terá a missão de alavancar o aporte do financiamento climático, acordado durante a COP29, em Baku, no Azerbaijão. Na ocasião, foi firmado um subsídio de US$ 300 bilhões por ano até 2035 para a mitigação de danos ambientais e para a redução na emissão de gases do efeito estufa.
O aporte era tratado como prioridade na COP29, mas a resistência de países ricos aos valores dificultaram o fechamento do acordo. Ficou para o Brasil a possibilidade do reajuste dos valores para reduzir os efeitos da mudança climática.
O campeão do clima acredita em um acordo para o aumento do aporte em parcelas, seguindo os moldes do TFFF. “Faz um ano que se definiu o valor de US$ 300 bilhões, que não é pouco, e se busca elevar isso para US$ 1,3 trilhão. A pasta lidera uma força-tarefa que busca encontrar entre o público e o privado esse espaço para mais US$ 1 trilhão. Tenho certeza que vai se encontrar caminhos para isso, talvez não a íntegra que se espera, mas com ótimos avanços”, completou.
Dan Ioschpe será o responsável pela apresentação da agenda climática na COP30 e deve intermediar as principais pautas do evento realizado pela Organização das Nações Unidas (ONU). Uma das pautas em discussão é a regulamentação do mercado de crédito de carbono, sancionado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em dezembro do ano passado, mas que ainda segue a passos curtos no Brasil.
Ioschpe ressalta o potencial do Brasil no mercado de carbono e afirma ver o mercado internacional mais importante que o nacional. Ele reforça a necessidade de aprofundar o debate no Brasil e usar a COP30 para alavancar o tema no cenário externo.
“O mercado nacional de carbono é interessante, mas ele é muito menos interessante que o mercado regional e global, e esse deveria ser o nosso objetivo: trabalhar para que exista um mercado de muita segurança, integridade e que não haja riscos de uso indevido dos mecanismos a nível mundial. Isso vai aumentar o valor do carbono para nós brasileiros”.
“Não há um país no mundo com mais potencial de geração de créditos de carbono do que o Brasil. O país que mais tem a ganhar com a globalização e o bom uso do mercado de carbono é o Brasil. Temos que fazer um grande esforço para isso, mas o processo deve demorar alguns anos para ser concluído”, reforça.
Além do desafio de debater medidas sustentáveis, o empresário vê o desafio da COP no Brasil em implementar definitivamente uma agenda climática, independente das negociações para os fundos. “Do lado da COP30, o centro é a implementação. Me parece que a COP será marcada por isso. Para mim, o sucesso [da COP] está na aceleração da implementação a despeito de ter ou não ter negociação”, avalia Ioschpe.
Leia a entrevista completa com Dan Ioschpe

Empresário Dan Ioschpe, campeão do clima para a COP30, em entrevista à ISTOÉ
ISTOÉ: Qual o papel e as atribuições de um “campeão do clima” na preparação da COP30?
Dan Ioschpe: Após o acordo de Paris, há 10 anos atrás, em que os países definiram uma meta clara para a não elevação da temperatura, os governos perceberam que a maior parte da ação climática para resolver o problema é protagonizada pela sociedade não governamental, além de prefeituras e governos estaduais. A partir disso, se criou a figura do ‘champion’ dentro do arcabouço da ONU e, subsequentemente, gerou um time independente, com cerca de 80 pessoas por todo o mundo, que trabalham em diversas frentes de ação climática em todos os países.
Cada país-sede da COP pode indicar o líder dessa equipe para o período e, desde abril, eu fui indicado pelo governo brasileiro para assumir essa tarefa de conversar com a sociedade não governamental, além de trabalhar e assegurar que a ação climática acelere para que os projetos e iniciativas de mitigação, adaptação e resiliência andem de forma mais rápida e efetiva possível.
Como o setor privado tem recebido e participado dos preparativos para a COP30?
O envolvimento das empresas, do business global, mas também de prefeituras, povos originários e todos que envolvem a sociedade não governamental é fortíssimo. A visão de que temos um problema e que se não for solucionado causará a redução ou descarrilamento do desenvolvimento econômico me parece muito grande e isso nos ajuda.
Óbvio que precisamos transformar isso em ação, que é mote justamente da COP30. Estamos na segunda metade da década e precisamos de entregas significativas para recuar o avanço da temperatura e possibilitar que joguemos melhor esse jogo na próxima década.
A COP30 no Brasil não é importante por isso, mas pelo potencial que o país tem para solucionar e mediar os debates climáticos. Os objetivos climáticos da COP falam muito com o Brasil e são realizáveis no nosso país. Por exemplo, biocombustíveis, florestas, áreas degradadas que precisam ser recuperadas. Devemos ter um ciclo forte por ser uma COP de implementação em um país que viabiliza essas demandas pela variedade de temas e pela escala.
Isso ajuda a viabilizar economicamente vários dos projetos previstos. Acho que a expectativa do mundo é muito grande por isso, pois podemos ter uma virada de chave e ter uma efetivação mais vigorosa em relação às outras edições.
Quais são os eixos principais da agenda de ação climática e como o Brasil pode se inserir nessa discussão?
O Brasil está no coração [desse debate de agenda climática]. A presidência da COP30, que é brasileira, mais o Climate Champions Team, a ONU e o ecossistema do clima desenharam essa agenda de ação ao longo dos últimos meses. Ela fala totalmente com o Brasil.
Essa agenda tem seis eixos, cinco verticais e um horizontal. Os verticais tratam sobre energia, indústria, transportes, floresta, agricultura, transição energética e outros temas cotidianos. O horizontal trata de fatores habilitadores, financiamentos importantes.
Todos esses pontos colocados na agenda são centrais para o Brasil. E o projeto de desenvolvimento do Brasil, na minha visão pessoal, passa pela sustentabilidade. Somos ricos em soluções, o que pode acelerar o nosso ritmo de desenvolvimento socioeconômico para sermos mais efetivos na agenda climática.
Considerando os altos índices de desmatamento e uso de combustíveis fósseis, o Brasil está realmente preparado para liderar essas discussões climáticas?
Estamos no centro dos dois debates. De um lado, e é um dos 30 objetivos da COP, precisamos zerar o desmatamento. Do outro lado, precisamos trabalhar na floresta, para que permaneça de pé e que produza bioinsumos para regenerar áreas degradadas.
O Brasil tem um grande volume de áreas a recuperar nas florestas e esses dois temas passam centralmente pelo Brasil, assim como a questão do financiamento. O Brasil está liderando com outros países um esforço coletivo para avançar com o TFFF, um mecanismo de financiamento para a manutenção de florestas e para que aqueles povos que vivem na região tenham o devido incentivo para permanecer ali, além de expandir com tecnologias para que ela se mantenha mais em pé que deitada.
Sem dúvida, é um dos cinco eixos verticais que comentava e não tem lugar melhor no mundo para se debater sobre do que no Brasil, tanto pelo lado positivo, quanto pelo negativo. No mundo, se tem uma expectativa grande de que consigamos avanços dos dois lados: na zeragem do desmatamento, como exemplo até para outros países, e na manutenção, cuidado e na criação de novas áreas florestais.
De que forma o setor privado pode contribuir para a redução dos impactos ambientais?
Há o lado da negociação e há o lado da pura ação climática. Estamos focados nesse segundo lado. Penso que não precisamos de negociação entre os países para esse tipo de tema. Por exemplo, o TFFF é um fundo que deverá captar mais de US$ 100 bilhões tanto da iniciativa pública quanto da privada. Haverá uma participação enorme do setor financeiro, de investidores, que viabilizarão a manutenção das florestas.
Quando falamos do não desmatamento, se tem uma parcela que é a ação do setor e tem a parcela que é coibir [ações que impactam a sustentabilidade]. Em geral, estamos falando de uma ação climática de implementação de projetos e iniciativas que não necessitam necessariamente de uma negociação.
A exploração de petróleo na margem equatorial não enviaria um sinal contraditório sobre o compromisso climático do Brasil?
O tema da transição dos combustíveis fósseis é um dos 30 objetivos-chave que estão em um dos cinco eixos verticais. Nós vamos, sem dúvida, trabalhar nesse tema. O mundo precisa de um caminho que reduza, de fato, o uso de combustíveis fósseis, trocando por outras formas de geração de energia. O Brasil, inclusive, será um grande campeão [em transição energética], que é chamado de power sharing.
Seja solar, eólica, biomassa, o Brasil tem um potencial maior que o outros países e seria um grande ganhador dessas soluções. É bem verdade que o Congresso, a sociedade e todas as entidades terão que fazer um debate em relação à exploração em um local ou outro. Mas, ao mesmo tempo, é importante lembrar que o Brasil começa essa jornada com a matriz energética mais limpa, sustentável e renovável do mundo.
É importante que o debate ocorra, mas precisamos dizer que nós, como país, estamos em uma posição muito diferenciada em relação a outros e temos um potencial espetacular para fazer mais. Um dos objetivos definidos pelos países anos atrás era triplicar o volume de energias renováveis. O Brasil fez muito mais que isso nos últimos anos. Expandimos cerca de 10 vezes o nosso parque de energias renováveis. Penso que temos que olhar os vários ângulos desses temas.
O que podemos influenciar mais do lado da agenda climática é a aceleração das energias renováveis e sustentáveis, inclusive a expansão das cadeias de valor no Brasil, pouco valorizada atualmente, mesmo com potencial espetacular para uso.
Colocar o Brasil nessa rota é, talvez, a forma mais importante de apoiarmos o mundo no processo de descarbonização e promover o nosso desenvolvimento socioeconômico numa base mais sustentável.
O avanço do Brasil em energia renovável é suficiente diante de seu potencial? Como acelerar essa transição?
Sim, mas precisamos lembrar que nenhum país do mundo, com as mesmas dimensões que o Brasil, tem o percentual de energia renovável que temos na sua matriz. Nós temos a matriz mais limpa do mundo e temos o maior potencial em relação aos outros países. Mas, concordo que precisamos fazer mais.
É preciso gerar mais energia limpa, mas também precisamos de consumo, de demanda. Vamos precisar expandir as nossas cadeias de valor, pois se nos mantivermos como grande produtor de commodities e não expandirmos essas cadeias, vamos ter dificuldades no uso dessas energias [limpas]. É por isso que somos um grande exemplo de power sharing, em que se atrai investimentos e desenvolvimento a partir de uma base de energia muito melhor que em outros locais. Essa é uma grande oportunidade para o Brasil, não podemos perder.
Os problemas com hospedagens caras em Belém podem levar à mudança do local da COP30?
Fazer uma COP em Belém, no coração da floresta amazônica, é um privilégio. O lugar [a floresta] é o maior atrativo em relação ao tema da descarbonização no mundo. Eu vejo um acerto do governo em fazer na Amazônia para forçar as lideranças globais a discutirem temas positivos e negativos, para encontrarmos soluções para as florestas e o clima. Agora, Belém é uma cidade de tamanho médio e a COP é o maior evento da ONU no mundo. É um fato que precisamos nos adaptar, mas o evento também terá que se moldar à cidade escolhida.
É um privilégio muito grande centralizar o debate climático na Amazônia, tanto para nós brasileiros, como para o resto do mundo. Eu acredito que a COP será muito bem sucedida e que vamos encontrar soluções para os impasses que estão aí. As COPs, em geral, passaram por debates parecidos e encontraram soluções. Nós vamos pelo mesmo caminho.
O que impede a regulamentação definitiva do mercado de carbono no Brasil?
É fundamental e espero que tenhamos a regulamentação da nova lei aprovada no ano passado. Com isso, vamos poder avançar as conversas com outros países, outras regiões. O mercado nacional de carbono é interessante, mas ele é muito menos interessante que o mercado regional e global, e esse deveria ser o nosso objetivo: trabalhar para que exista um mercado de muita segurança, integridade e que não haja riscos de uso indevido dos mecanismos a nível mundial. Isso vai aumentar o valor do carbono para nós brasileiros.
Assim como o tema do power sharing e das energias renováveis, não há um país no mundo com mais potencial de geração de créditos de carbono do que o Brasil. O país que mais tem a ganhar com a globalização e o bom uso do mercado de carbono é o Brasil. Temos que fazer um grande esforço para isso, já há uma série de países trabalhando nessa direção, mas não acho que esse tema se conclui em poucos meses, pois é complexo e deve demorar alguns anos para ser concluído. Penso que temos que usar o ciclo da COP para dar passos importantes, como a regulamentação da nossa lei.
Como está sendo a negociação com o setor empresarial sobre os altos custos de hospedagem em Belém?
Eu não quero minimizar o tema, mas do lado dos negócios tem muito mais flexibilidade. As empresas podem alocar o seu orçamento de diversas formas. O que estamos vendo é que muitas empresas já têm suas hospedagens, os locais de showcase, demonstrações e tudo está muito avançado. Acho que aqui [do lado empresarial] o problema é menor que nos governos, que têm menos flexibilidade e mais restrições regulamentares dos países.
Acho correto que o governo brasileiro coloque um olhar muito atento sobre isso, até mesmo à frente dos pensamentos sobre temas da sociedade não governamental, que tem muito mais flexibilidade. E tem outro detalhe interessante, que não é negativo a Belém, é que teremos eventos concomitantes ao redor do país. São Paulo, Rio de Janeiro e outras capitais devem receber diversos eventos. A única questão para as empresas, que não é negativo, é como participar de tantos eventos. O Brasil é muito bem visto nesse tema da COP, da agenda climática e há uma expectativa muito grande sobre o evento.
Grandes líderes, formuladores e negociadores não estão só em Belém, mas estarão no Rio, em São Paulo e em outras cidades do país. Os líderes empresariais precisarão de uma habilidade para atender as demandas e participais dos eventos em diferentes cidades, mas vejo isso como um bom problema.

Empresário Dan Ioschpe, campeão do clima para a COP30, em entrevista à ISTOÉ
Qual o papel das empresas no financiamento da preservação florestal?
A ideia é chegar a US$ 125 bilhões, mas óbvio que teremos tranches, tentaremos iniciar com isso ainda neste ano. Não sei se chegaremos tão longe neste ano, mas haverá um grande aporte e se espera financiadores tanto privados como públicos.
As empresas privadas são o coração da agenda climática, não só com financiamentos. Quando falamos de combustível de aviação, marítimo, biocombustíveis, gestão de resíduos, tudo isso entra com uma participação imensa na agenda de ação e vamos ter muitas soluções apresentadas na COP30. Na minha opinião, o evento será um showcase de como avançar nas soluções.
Quais as chances de sucesso na meta de aumentar o financiamento climático para 1,3 trilhão?
O Ministério da Fazenda se organizou muito bem em duas frentes. A primeira é a Estrada Baku-Belém. Não faz tanto tempo assim, faz um ano só em que se definiu o valor de US$ 300 bilhões, que não é pouco, e se busca elevar isso para US$ 1,3 trilhão. A pasta lidera uma força-tarefa que busca encontrar entre o público e o privado esse espaço para mais US$ 1 trilhão.
Tenho certeza que vai se encontrar caminhos para isso, talvez não a íntegra que se espera, mas com ótimos avanços. E tem a segunda trilha que é o TFFF, que é um facility para as florestas, além do tema do crédito de carbono que o Brasil tenta avançar e lidera a discussão. Vamos ter boas notícias.
Do lado do Climate Champions Team, temos trabalhado muito sobre o dinheiro não alocado. Seja entes públicos ou privados, há muito dinheiro que não está alocado e que poderiam ser destinados para projetos de ação climáticas.
Somos procurados por grandes instituições que dizem: “Olha, eu quero aplicar R$ 1 trilhão em cinco anos em temas de sustentabilidade. Consegui alocar um pouco, mas não tudo”. Ao mesmo tempo, tem projetos buscando esse dinheiro. Hoje, há dinheiro na mesa e temos que fazer um esforço para alocar esses recursos.
O último ponto e que fala muito sobre o Brasil na escala e assertividade econômica, é rodar projetos muito bem para devolverem recursos mais cedo. Ter projetos em elevada escalada, acelera o ritmo de uso e de retorno desse capital. Toda essa conta [do financiamento climático] pode ser favorecida se tivermos bons projetos que aceleram, escalam rápido e devolvem esses recursos. Vamos trabalhar nessas frentes para tentar melhorar em todas elas.
Há risco da COP30 repetir os problemas de negociação ocorridos em Baku?
Penso que a COP de Baku, assim como todas as outras, teve seus pontos altos e os não necessariamente tão interessantes, mas acho que trouxe temas importantes. Se voltarmos ao tema dos recursos, tivemos US$ 300 bilhões confirmados na COP29, isso não é pouco. O evento ainda avançou no tema das pequenas e médias empresas, favorecendo, por exemplo, o Sebrae, que vai trabalhar muito no tema abordado lá. Não dá para vermos só o lado negativo e, claro, nem tudo são flores aqui, há muito a ser feito.
Do lado da COP30, o centro é a implementação. O presidente da COP, o embaixador André Corrêa do Lago, tem falado, e com muita razão, que o Brasil tem uma grande oportunidade de acelerar a implementação. Não sei dizer como estão as negociações, mas o que precisamos entregar é a implementação, a despeito do que aconteça no âmbito dos negociadores. Me parece que a COP será marcada por isso. Vamos ter o centro do palco [a Amazônia] para fazer acontecer essa agenda climática e da implementação.
Para mim, o sucesso [da COP] está na aceleração da implementação a despeito de ter ou não ter negociação.
A ausência dos EUA, que dispensou seus negociadores climáticos, prejudicará a COP30?
Não sou negociador, mas falo pela minha visão de empresário. Os Estados Unidos é um país importante em qualquer assunto. Não só os EUA, mas tem alguns países que, por questões de política própria, seus governos não estão tão interessados como já estiveram eventualmente nesses temas.
Mas tem um ponto. Governos estaduais, prefeituras e empresas estão altamente engajadas, porque os projetos cruzam os períodos de governante A, de governante B. Também já vivemos esse pêndulo no próprio Brasil e é natural que assim seja na política. Mesmo assim, estamos vendo um entusiasmo muito grande.
Vamos ter representantes de muitos países de governos que não estão tão animados. E, para nós do lado da ação climática, é muito importante [a participação dos representantes] porque vamos ter pesos pesados da economia aqui no Brasil, independentemente das visões políticas. Agora, se o país A, B ou C, nesse momento, não está tão interessado na temática, nos resta respeitar e seguir trabalhando, porque as soluções não são de curto prazo. Elas demandam muito tempo e trabalho para serem implementadas.