E que tal falarmos de números? Invocação do Mal, o 1, e Annabelle são os filmes de terror que, em toda a história, mais fizeram sucesso nos cinemas brasileiros. Invocação fez 1,5 milhão de espectadores em 2013 e Annabelle, com 3,6 milhões, foi recordista da Warner em 2014 no Brasil, batendo os blockbusters de Hollywood. Nenhum dos dois filmes se destaca pela sutileza na abordagem do gênero, o que prova que o público quer mesmo é tomar sustos. Pois então nesta quarta-feira, 8, desbanca a sexta-feira 13 e vira o novo dia do terror.

A Warner faz nesta quarta uma maratona de terror e apresenta Invocação do Mal e Annabelle em salas de todo o Brasil como aperitivo para o Invocação 2, que estreia na quinta, 9. Recapitulando – Invocação do Mal é aquele filme sobre investigadores de casos sobrenaturais que mal acabam de dar uma palestra e já são chamados para uma ocorrência. Enquanto Patrick Wilson e Vera Farmiga estão relatando casos, Lili Taylor e Ron Livingstone estão trocando de casa. De cara, a cachorra se recusa a entrar na casa, mas a dupla ignora o aviso e… Tá-tá-tá. Coisas estranhas começam a ocorrer. As filhas começam a ver coisas e a mãe aparece coberta de hematomas. O que fazem Lili e Livingstone? Convocam Vera e Wilson e o casal descobre atividade paranormal – epa, não, esse é outro filme.

Pode-se reclamar que a dupla de roteiristas Chad e Carey Hayes e o diretor James Wan fizeram de Invocação do Mal, o 1, um compêndio e referências e clichês do gênero. Lá estão cenas copiadas de O Exorcista e Os Pássaros e tudo aquilo que, pelo visto, você ainda não se cansou de ver – porão secreto, portas e assoalho rangendo, relógio parando, gente voando e (sim!) alguma coisa puxando os pés das pessoas de noite, na cama. Invocação do Mal é para quem gosta de esbaldar o tempo sentindo medo no escurinho (seguro?) do cinema. É tudo muito explícito, ao contrário de Demon, de Macin Wrona, que ainda está em cartaz no Spcine Olido e é muito mais um terror com cara de arte, baseado na sugestão.

Annabelle é pior – ou melhor, depende do olhar de quem vê. A boneca aparece em Invocação do Mal e aqui ocupa o centro da trama, infernizando a vida de um casal. Não deixa de ser curioso que o diretor John R. Leonetti tenha optado por fazer com que a maioria das cenas ocorra de dia – a noite é mais propícia ao terror – e também tenha introduzido elementos realistas na história, como a seita tipo Charles Manson. O filme produzido por James Wan – o novo Midas do terror, e ele, você sabe, é o diretor do ótimo Velozes e Furiosos 7 -, toma elementos emprestados da série Pânico e também de O Bebê de Rosemary, inclusive ao batizar a personagem como Mia, em homenagem a Mia Farrow. O mais interessante do filme é que Annabelle não é uma boneca assassina no estilo de Chucky. Seus olhos são sinistros e você, que ainda não viu, pode se preparar. Pelo menos uma cena é, sim, muito assustadora. E o que esses filmes – Invocação, principalmente – mostram é que o medo alimenta o mal. Ou seja, a Warner aposta que, depois de ver esses filmes, o que você vai assistir na quinta? Invocação 2, é claro.