Uma investigação do Departamento de Justiça dos Estados Unidos constatou “inúmeras e graves falhas” do pessoal encarregado da custódia do financista Jeffrey Epstein, que se suicidou em uma prisão de Nova York em 2019 enquanto aguardava julgamento por tráfico sexual de menores.

Essas falhas “fizeram Epstein ficar sem vigilância e sozinho em sua cela com uma quantidade excessiva de roupas de cama, aproximadamente das 22h40 de 9 de agosto até ser encontrado enforcado em sua cela trancada a chave em 10 de agosto por volta das 6h30”, conclui a investigação.

Epstein se enforcou em 10 de agosto de 2019 enquanto estava sob custódia do Escritório Federal de Prisões (BOP, na sigla em inglês) no Centro Correcional Metropolitano de Nova York, à espera do julgamento por exploração sexual de menores e conspiração para explorar menores sexualmente, duas acusações puníveis com um total de 45 anos na prisão.

Ele é acusado de ter levado, pelo menos entre 2002 e 2005, meninas, algumas de até 14 anos, para suas residências em Manhattan, Palm Beach (Flórida) e no Caribe “para participarem de atos sexuais com ele” e para amigos, como o príncipe Andrew da Inglaterra, em troca de “centenas de dólares em dinheiro”.

Apesar da recomendação dos psicólogos da prisão após uma primeira tentativa de suicídio em 23 de julho, o bilionário de 66 anos havia sido deixado sozinho em sua cela no dia 9, e os funcionários “não garantiram” que outra pessoa fosse imediatamente realocada, de acordo com a investigação.

As referidas decisões “constituem má conduta e negligência no cumprimento das suas obrigações”, em particular com um detido de “tão alto perfil” como Epstein, um magnata amigo de celebridades e pessoas influentes.

A investigação conclui ainda que os agentes não voltaram a fazer a ronda pela cela depois das 22h40, apesar de ser obrigatório fazer isso de 30 em 30 minutos, nem verificaram o bom funcionamento das câmeras de vigilância da prisão.

Da mesma forma, o pessoal penitenciário “falsificou os registros e fichas da ronda para mostrar que foram executadas, quando não foi o caso, deixando Epstein sem vigilância durante horas antes de sua morte”, acrescenta o texto.

Os investigadores afirmam, também, que não “encontraram provas que contradigam” as evidências do FBI (Polícia Federal americana) e do Instituto Médico Legal que levaram à conclusão de suicídio por enforcamento.

Criticam, no entanto, as falhas “preocupantes”, não apenas por “não proteger adequadamente uma pessoa sob sua custódia, mas também porque levaram a perguntas sobre as circunstâncias em torno da morte de Epstein e privaram, efetivamente, as inúmeras vítimas de Epstein da oportunidade de buscar justiça, por meio do processo de Justiça criminal”.

Em junho de 2022, sua ex-companheira Ghislaine Maxwell foi condenada, em Nova York, a 20 anos de prisão por cinco crimes, incluindo tráfico sexual de menores.

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