As reuniões entre o presidente Jair Bolsonaro e presidentes de vários partidos nesta quinta-feira, 4, para discutir a reforma da Previdência colocaram os juros futuros em leve baixa durante à tarde, após passarem a manhã em alta moderada. O mercado, desde cedo, já apresentava alguma disposição em relativizar o impacto sobre a tramitação da reforma do que se viu na quarta-feira na sessão da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, que culminou em troca de ofensas entre deputados e o ministro da Economia, Paulo Guedes. À tarde, as declarações dos líderes depois dos encontros com o presidente acabaram por convencer os investidores de que, apesar do episódio de quarta, a expectativa de aprovação do texto é favorável, ainda que com percalços.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2020 fechou a sessão regular em 6,500%, de 6,516% na quarta no ajuste, e a do DI para janeiro de 2021 terminou em 7,06%, estável ante o ajuste de quarta. A taxa do DI para janeiro de 2023 caiu de 8,212% para 8,18% e o DI para janeiro de 2025 passou de 8,762% para 8,70%.

“O mercado melhorou porque as reuniões (de Bolsonaro) hoje (quinta) foram boas. Além do mais, na quarta o mercado exagerou, pois era natural que houvesse algum atrito”, disse Rogério Braga, diretor de Gestão de Renda Fixa e Multimercados da Quantitas Asset. Ele pondera, entretanto, que, dadas as recentes turbulências, as taxas têm um limite estreito para cair enquanto não houver algo de mais concreto sobre a Previdência. “O mercado não está querendo antecipar mais muito otimismo”, disse, o que explica o desempenho até tímido os juros nesta quinta em relação ao que se viu na Bolsa e no câmbio.

Nenhum dos líderes formalizou apoio à reforma, mas o mercado viu uma boa disposição ao diálogo dos políticos com Bolsonaro, o que pode ser fundamental na articulação em prol da proposta. Nesse sentido, Bolsonaro anunciou a intenção de criar uma espécie de conselho político para aproximar o governo com partidos e o Congresso. No Twitter, Bolsonaro afirmou, sobre as reuniões, que as primeiras conversas demonstram que Executivo e Legislativo estão unidos pela reforma. “Tudo ocorreu em alto nível”, disse.

As mínimas do dia foram registradas entre 13h e 14h, depois de declarações do presidente do DEM, Antônio Carlos Magalhães Neto (ACM Neto), um dos que se reuniram com o presidente. Ele admitiu que o partido pode fechar questão em torno da reforma, mas quer esperar o término da tramitação nas comissões para verificar o teor da proposta que irá ao plenário. Ele também não descartou integrar formalmente a base do governo em algum momento, mas sem especificar quando isso ocorreria. “Entre os partidos com os quais o presidente está se encontrando, a sinalização de apoio do DEM foi a mais forte até agora”, disse o trader de renda fixa do Banco Sicredi Getúlio Ost, quando consultado no começo da tarde.