Foram ações articuladas que feriram a lei e não trouxeram a menor consequência para seus protagonistas. Na manhã de segunda-ferira 16, cerca de 50 integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) e da Frente Povo Sem Medo invadiram o triplex que levou à condenação de Lula, no Guarujá. Os militantes quebraram a trava do portão de entrada do Condomínio Solaris e arrombaram o apartamento 164-A, assustando moradores. Os invasores permaneceram quatro horas no local, filmaram, tiraram fotos e estenderam cartazes na fachada. Quebraram equipamentos do condomínio e violaram os direitos dos demais moradores. Poderiam sim serem presos em flagrante, mas a PM permitiu a saída sem prisões e tudo ficou resolvido com um inquérito sem rostos que não chegará a nada. O líder do MTST, Guilherme Boulos, pré-candidato à presidência pelo PSOL, afirmou que a “ocupação” foi uma denúncia. Claro, numa democracia todos têm o direito de protestar, mas invasão de propriedade privada é crime!

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No dia seguinte, novas invasões. Em Araçatuba, São Paulo, três centenas de sem-terra invadiram a fazenda do empresário Oscar Maroni. Ele entrou na mira do MST depois de distribuir latinhas de cerveja em frente à casa noturna que mantém em São Paulo, para comemorar a prisão de Lula. Maroni não é nenhum exemplo de boa conduta, mas sua fazenda é propriedade privada e produtiva, portanto está longe de ser terra de interesse do MST. Mais uma vez, nenhuma prisão em flagrante foi efetuada.

Em Salvador, o estacionamento da TV Bahia, afiliada da Globo, foi tomado por horas. Em simultâneo, fazendas e terras públicas foram invadidas em Santo Amaro, no Recôncavo, e Eunápolis, sul da Bahia. Apesar de ninguém ter sido preso nessas demonstrações de truculência e intolerância, que nada têm com o direito ao protesto, a resposta da opinião pública indica um esvaziamento desse tipo de ação política ilegal. A.V.