Autoridades de Miami anunciaram nesta sexta-feira (26) que vão investir bilhões de dólares para adaptar este condado do sul da Flórida ao aumento do nível do mar, uma realidade que afeta a vida cotidiana dos moradores da cidade, já acostumados a conviver com inundações constantes.

A prefeita do condado de Miami-Dade, Daniella Levine-Cava, anunciou que protegerá as comunidades mais afetadas pelo aumento do nível do mar, que avança sobre as praias e deixa os moradores particularmente vulneráveis a inundações durante a temporada de furacões.

“Devemos continuar nos concentrando na restauração, preservação e proteção deste espaço sagrado”, disse em coletiva de imprensa. “E investiremos bilhões de dólares em infraestrutura”.

Para começar, serão analisadas as regiões onde são urgentes as “ações de adaptação”, como levantamento de ruas, impermeabilização de fossas sépticas e sistemas de esgoto, explicou a prefeita democrata.

Esta preocupação, que em outros locais pode parecer distante, é muito real na Flórida.

Sua planície, suas áreas alagadas e as características de seu solo – uma pedra porosa que se comporta como uma esponja – transformam este estado do sudeste dos Estados Unidos em uma das regiões mais afetadas pelo aumento do nível do mar.

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O problema é tão visível que, quando se intensifica a temporada de chuvas de verão, é frequente ver os moradores de Miami praticando caiaque em avenidas inundadas e carros com água na altura da janela.

– Soluções criativas –

A cidade de Miami Beach – que faz parte do condado de Miami-Dade – já investiu bilhões de dólares para elevar o nível de muitas de suas ruas em 2016.

E alguns empresários privados propõem formas criativas, embora caras, para se adaptar ao problema.

Os moradores de Miami, por exemplo, já estão acostumados a ver uma casa flutuante que costuma atracar perto do porto, embora também tenha aparecido em outras águas da Baía de Biscayne. Custa 5,5 milhões de dólares e se ajusta ao aumento do nível do mar.

“Parece uma casa, mas tecnicamente é um barco”, disse Nicolas Derouin, cofundador e diretor-gerente da Arkup, empresa baseada em Miami que criou esta mansão flutuante com terraço retrátil sobre o mar.

“O primeiro que quisemos foi atender o aumento do nível do mar e as mudanças climáticas e mostrar novas formas de viver na água de forma sustentável”, acrescentou Derouin à AFP.

A casa, coberta por um teto de painéis solares, se mantém estável graças a quatro pilares hidráulicos, fixos no leito submarino. Mas, quando navega, o faz a uma velocidade máxima de 5 nós (9,2 km/h).

Segundo a Agência de Proteção Ambiental (EPA) dos Estados Unidos, ao longo da costa da Flórida, “a superfície terrestre está afundando” e, se continuar o processo de aquecimento global, “é possível que o nível do mar suba de 30 a 120 cm no próximo século”.

O presidente Joe Biden prometeu que os Estados Unidos vão liderar a batalha para enfrentar a “ameaça existencial” da crise climática, enquanto seu antecessor, Donald Trump, foi um cético nesta questão.


“A mudança de administração agora nos Estados Unidos é, para nós, um sinal positivo”, avaliou Derouin.


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