Mais de 43.000 pessoas foram deslocadas pelas inundações que devastaram o leste da Líbia, em particular a cidade de Derna, onde os serviços de comunicação foram restabelecidos nesta quinta-feira, após um corte de 24 horas.

Enquanto prosseguem as buscas por milhares de desaparecidos supostamente mortos, a Organização Internacional para as Migrações (OIM) publicou nesta quinta-feira um balanço revisado de pessoas que foram deslocadas pelas inundações da madrugada de 10 para 11 de setembro.

“Segundo as estimativas mais recentes da OIM, 43.059 pessoas foram deslocadas pelas inundações no nordeste da Líbia”, afirmou a agência da ONU.

As necessidades urgentes dos deslocados internos incluem “alimentos, água potável e apoio psicossocial”, acrescentou a OIM.

O balanço oficial provisório, divulgado na terça-feira pelo ministro da Saúde do governo do leste da Líbia, Othman Abdeljalil, cita 3.351 mortes na tragédia. As organizações humanitárias, no entanto, temem um número muito maior porque milhares de pessoas estão desaparecidas.

A rede de telefonia e os serviços de internet foram cortados na noite de terça-feira e os jornalistas receberam a orientação de abandonar Derna um dia após um protesto dos moradores, que exigiram uma investigação das autoridades do leste do país, consideradas responsáveis pelo drama.

As autoridades relataram uma “ruptura nos cabos de fibra óptica”, mas vários especialistas afirmaram que o corte foi deliberado para impor um “apagão” após a grande cobertura da imprensa do protesto.

O Comitê Superior Líbio para as Emergências e Resposta Rápida (Hcerr), formado pelo governo do leste do país para coordenar a ajuda, anunciou o “restabelecimento das comunicações e dos serviços de internet em toda a cidade de Derna”.

– Culpados identificados –

Abdelhamid Dbeibah, primeiro-ministro do governo reconhecido pela ONU e com sede em Trípoli, anunciou na sua conta X (antes Twitter) o reparo da fibra óptica e o retorno dos serviços de telecomunicações.

As inundações foram provocadas pelo de duas barragens durante a passagem da tempestade Daniel. A água dos reservatórios gerou um fluxo que destruiu bairros inteiros.

A ONU anunciou esta semana que suas agências, incluindo a Organização Mundial da Saúde (OMS), estão trabalhando para “prevenir a propagação de doenças e evitar uma segunda crise devastadora na região”, alertando para o risco derivado da “água contaminada e a falta de higiene”.

As equipes de emergência prosseguiam com os trabalhos para encontrar os corpos dos desaparecidos, principalmente no mar.

Devastado por divisões internas desde a queda de Muammar Kadhafi em 2011, o país relegou ao segundo plano a manutenção de infraestruturas vitais como as barragens de Derna, que não passavam por reformas desde 1998.

O procurador-geral da Líbia, Al Seddik Al Sur, que investiga a tragédia, prometeu “resultados rápidos”. Ele disse que os supostos culpados por corrupção ou negligência em relação ao desastre “já foram identificados”, mas não citou nomes.

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