As inundações provocadas pelas chuvas torrenciais dos últimos dias no leste da Líbia deixaram pelo menos 150 mortos, disse uma fonte oficial à AFP nesta segunda-feira (11).

“Pelo menos 150 pessoas morreram em consequência das inundações provocadas pela tempestade Daniel em Derna, nas regiões de Jabal Al Akhdar e nos subúrbios de Al-Marj” no leste do país, disse à AFP Mohamed Massoud, porta-voz do chefe do Executivo paralelo com sede em Benghazi (leste).

Descrita pelos especialistas como um fenômeno “extremo em termos de quantidade de água que caiu”, a tempestade denominada Daniel afetou nos últimos dias Grécia, Turquia e Bulgária, deixando pelo menos 27 mortos.

A tormenta também causou “danos materiais significativos a infraestruturas e a propriedades privadas”, acrescentou o porta-voz líbio.

O leste do país abriga os principais campos e terminais de petróleo. A Companhia Nacional do Petróleo (NOC) declarou “estado de alerta máximo” e suspendeu os voos entre os centros de produção, onde as atividades diminuíram consideravelmente.

Equipes de emergência foram enviadas no domingo a Derna, cidade de mais de 100.000 habitantes (900 km ao leste de Trípoli) atravessada por um rio que vai até o Mediterrâneo.

Massoud informou que as autoridades “perderam contato com nove soldados durante as operações de resgate na cidade”.

Centenas de moradores permanecem bloqueados, em áreas de difícil acesso, enquanto equipes de resgate, apoiadas pelo exército, tentam ajudar as vítimas.

Imagens registradas por moradores de cidades do leste como Derna, Al-Bayda e localidades menores mostram deslizamentos de terra e bairros inteiros submersos, assim como rodovias e edifícios que desabaram.

Um funcionário da prefeitura de Derna chamou a situação em sua localidade de “catastrófica”, “fora de controle” e que exige uma “intervenção nacional e internacional”, em uma entrevista ao canal Libia al-Ahrar.

A fonte citou o colapso de quatro pontes e dois edifícios.

Com as reservas de petróleo mais abundantes da África, a Líbia enfrenta um cenário de caos desde a queda do regime de Muamar Khadafi em 2011, abalada por divisões e violência.

Há um ano e meio, dois governos disputam o poder: o liderado por Abdelhamid Dbeibah na região oeste, reconhecido pela ONU, e o designado pelo Parlamento e apoiado pelo homem forte da região leste, Khalifa Haftar.

Durante um conselho extraordinário de ministros exibido ao vivo pela televisão nesta segunda-feira, Dbeibah anunciou “três dias de luto nacional”.

A missão da ONU na Líbia afirmou que está “monitorando de perto a situação” e expressou “solidariedade às famílias das vítimas”.

No vizinho Egito, as autoridades recomendaram precaução aos moradores da costa norte, perto da fronteira com a Líbia, e anunciaram o início dos preparativos para minimizar o impacto da tempestade Daniel.

A meteorologia prevê fortes chuvas durante três dias.

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