As enchentes provocadas pelo furacão Florence, que matou 15 pessoas desde sexta-feira, ainda causam temores quanto a possíveis deslizamentos de terra ou rompimento de barragens no sudeste dos Estados Unidos.

Rebaixado para uma depressão tropical no domingo, Florence deve continuar a perder força nesta segunda, “antes de voltar a intensificar-se e passar a um ciclone extratropical entre terça e quarta-feira”, de acordo com o último boletim do Centro Nacional de Furacões (NHC).

O serviço meteorológico, no entanto, alertou para “fortes chuvas nos próximos dois dias, com alto risco de deslizamentos de terra” no oeste da Carolina do Norte e no sudoeste da Virgínia, bem como “inundações súbitas e que representam uma ameaça à vida humana” em partes da Carolina do Norte e do Sul.

Equipes de resgate e as forças de ordem continuam mobilizados. “Continuaremos mobilizado por vários dias”, disse o chefe da Agência Federal de Serviços de Emergência (Fema), Brock Long, na CNN.

“Estamos esperando muitos estragos, afirmou ele, acrescentando que barragens podem ser ameaçadas pelo aumento dos níveis de água.

O governador da Carolina do Norte, Roy Cooper, destacou que áreas que geralmente ficam fora de perigo podem ser inundadas.

“Estejam preparados para ir a lugares seguros se houver recomendação de evacuação”, declarou em entrevista coletiva. Segundo ele, 15 mil pessoas se refugiaram nos 150 centros de acolhimento instalados em todo o estado.

– “Preciso partir” –

“Queremos evitar tragédias”, afirmou por sua vez o governador da Carolina do Sul, Henry McMaster. “Se você vive em uma zona de risco, é preciso partir”, insistiu em coletiva de imprensa.

As equipes de resgate socorreram mais de 900 pessoas das enchentes, enquanto cerca de 700.000 residências ficaram sem eletricidade, disse ele.

O presidente americano, Donald Trump, elogiou no Twitter “os socorristas e as forças de ordem (que) trabalham muito duro” para ajudar as pessoas. Quando a água tiver diminuído, vão acelerar ainda mais o ritmo”.

Campos inundados, rios que transbordaram, estradas cortadas, áreas inteiras do sudeste dos Estados Unidos submersas.

Dez mortes relacionadas ao clima foram confirmadas pelas autoridades da Carolina do Norte e cinco pelas autoridades da Carolina do Sul.

Domingo à tarde, o rio Trent transbordou em Pollocksville, Carolina do Norte, o estado mais afetado, cortando a cidade em dois.

Trinta pessoas foram resgatadas pela Guarda Nacional.

A chuva finalmente parou, depois de cair incessantemente desde que o furacão Florence atingiu a terra na sexta-feira, e Logan Sosebee tirou seu caiaque para levar comida do outro lado do rio inundado.

“Ainda não temos água e eletricidade, por isso estou feliz em ajudar”, disse ele à AFP. “Mas há muita corrente, a água subiu 3 ou 4 metros e isso deve continuar por alguns dias”, explicou.

Ainda que acostumado a furacões, ele afirmou estar preocupado com sua casa: “Nós nunca fomos inundados assim, exceto pelo Floyd em 1999”.

– Saques –

Nas cidades atingidas pela tempestade, vários casos de saques foram informados e a polícia de Wilmington, na Carolina do Norte, anunciou que prendeu cinco pessoas que atacaram um supermercado.

A tempestade causou “danos significativos” no leste do estado, disse o governador Cooper. “Há muitas fazendas inundadas no sudeste do estado, e estou preocupado com as consequências para as plantações”, indicou após sobrevoar a área.

A indústria agrícola, o maior setor econômico do estado, foi “duramente atingida” por Florence, concordou o senador da Carolina do Norte, Thom Tillis.

“Em termos de impacto econômico para a reconstrução, estamos falando de bilhões de dólares”, disse ele na Fox News.

Na costa da Carolina do Sul, o balneário de Myrtle Beach tentava retomar uma vida normal. Victor Shamah, dono do bar Bowery, decidiu abrir porque “as pessoas querem comer, beber e não havia nada”. bur-cyj/elc/ple/lch/mr